Conhecimento das adolescentes sobre aleitamento materno
Publication year: 2025
Desde a antiguidade, o aleitamento materno é reconhecido como um dos pilares fundamentais para a promoção e proteção da saúde infantil em todo o mundo, sendo que, cerca de 80% das crianças são alimentadas com leite materno no primeiro ano de vida. Além dos resultados claros e efetivos na redução dos custos de saúde, a sua prática contribui com ganhos económicos, não só para as famílias, mas também para a sociedade e meio ambiente, e consequentemente para um mundo mais saudável, igualitário e sustentável. Contudo, apesar dos ganhos demonstrados, apenas metade dessas crianças é amamentada na primeira hora após o nascimento. Em relação ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida, as taxas, na maioria dos países continuam aquém do recomendado, abaixo de 50%, evidenciando que as estratégias desenvolvidas não estão a surtir o efeito pretendido. Torna-se assim urgente, intensificar esforços tanto para promover o aleitamento materno quanto para estimular seu início precoce e a manutenção exclusiva durante os primeiros seis meses de vida da criança. Estudos apontam para a relação entre o conhecimento das mulheres sobre a amamentação, suas atitudes e os comportamentos subsequentes, havendo autores que consideram relevante avaliar o conhecimento e a atitude das jovens futuras mães sobre a amamentação, com vista à promoção e motivação para desenvolver um comportamento favorável àquela prática. O presente estudo teve como objetivo analisar a relação entre as características sociodemográficas, a história familiar de aleitamento materno e a abordagem do tema em contexto escolar, com os conhecimentos das adolescentes sobre aleitamento materno. Para tal desenhamos um estudo quantitativo, observacional, descritivo-correlacional e transversal, com uma amostra de 79 raparigas adolescentes, a frequentar o 12º ano do ensino regular, tendo os dados sido recolhidos através de um questionário. Para a avaliação dos conhecimentos utilizou-se o questionário desenvolvido por Galvão et al. (2011), composto por 49 questões dicotómicas, em que a valores mais elevados correspondem mais conhecimentos. O score de conhecimentos foi obtido por somatório e transformação em números índice, e considerou-se o ponto de corte de 50%. Para o tratamento de dados recorreu-se a técnicas de estatística descritiva e inferencial de acordo com as variáveis quanto à escala de medida. Para a análise de diferenças utilizou-se o teste de t para amostras independentes, sendo o nível de significância admitido de 5%. Foram assegurados o cumprimento e respeito pelos cinco princípios éticos determinados pelo código de ética, nomeadamente o direito à autodeterminação, o direito à intimidade, o direito ao anonimato e à confidencialidade, o direito à proteção contra desconfortos e prejuízos e o direito a um tratamento justo e leal. As adolescentes que integraram o estudo tinham entre 17 e 19 anos, com média de 17,5 anos, 97,5% eram solteiras, 83,5% viviam com a família nuclear e 74,3% residiam em meio rural. Os resultados revelaram que as adolescentes têm um baixo nível de conhecimentos sobre aleitamento materno, tendo 17,7% das estudantes respondido corretamente a pelo menos metade das questões. A percentagem de respostas corretas variou de 0,0 a 67,3%, com média 37,9±12,9% e mediana de 40,8 %. Na comparação entre grupos, verificaram-se diferenças significativas em termos de conhecimento sobre AM, entre as adolescentes que viram a sua mãe a amamentar e as que não viram e entre as adolescentes cujo tema foi abordado em contexto escolar, e as que não, respetivamente. Assim, as estudantes que viram a mãe amamentar têm pontuação média de conhecimentos sobre AM (M = 43,7±9,0) significativamente mais alta do que estudantes que não viram a mãe amamentar (M = 35,5±13,6) (p = 0,009). As estudantes que afirmaram que o tema AM foi trabalhado em contexto escolar têm pontuação média (M = 55,1± 12,2) significativamente mais alta do que as estudantes que afirmaram que o tema não foi trabalhado em contexto escolar (M = 37,2±12,5) (p = 0,018). Concluiu-se também que, a exposição à prática do aleitamento materno, seja pela observação direta da mãe a amamentar ou pela educação formal, tem um impacto significativo nos conhecimentos das adolescentes, sendo estes resultados corroborados pela literatura revista. Assim, a abordagem do AM em contexto escolar pode ser uma estratégia eficaz na promoção da sua prática entre futuras mães.
Since ancient times, breastfeeding has been recognized as one of the fundamental pil-lars for the promotion and protection of child health worldwide, with approximately 80% of children being breastfed in the first year of life. In addition to the clear and effective results in reducing health costs, its practice contributes to economic gains, not only for families, but also for society and the environment, and consequently for a healthier, more egalitarian and sustain-able world. However, despite the demonstrated gains, only half of these children are breastfed within the first hour after birth. Regarding exclusive breastfeeding in the first 6 months of life, the rates in most countries remain below the recommended level, below 50%, showing that the strategies developed are not having the desired effect. It is therefore urgent to intensify efforts both to promote breastfeeding and to encourage its early initiation and exclusive maintenance during the first six months of the child's life. Studies point to the relationship between women's knowledge about breastfeeding, their attitudes and subsequent behaviors, with some authors considering it relevant to evaluate the knowledge and attitude of young future mothers about breastfeeding, with a view to promoting and motivating them to develop behavior favorable to that practice. The present study aimed to analyze the relationship between sociodemographic char-acteristics, family history of breastfeeding and the approach to the topic in a school context, with the knowledge of adolescents about breastfeeding. To this end, we designed a quantitative, observational, descriptive-correlational and cross-sectional study, with a sample of 79 adoles-cent girls, attending the 12th grade of regular education, with data collected through a ques-tionnaire. To assess knowledge, we used the questionnaire developed by Galvão et al. (2011), consisting of 49 dichotomous questions, in which higher values correspond to more knowledge. The knowledge score was obtained by summation and transformation into index numbers, and the cut-off point was considered to be 50%. Descriptive and inferential statistics techniques were used to process the data according to the variables regarding the measurement scale. For the analysis of differences, the t-test for independent samples was used, with a significance level of 5%. Compliance with and respect for the five ethical principles established by the code of ethics were ensured, namely the right to self-determination, the right to privacy, the right to anonymity and confidentiality, the right to protection from discomfort and harm, and the right to fair and just treatment. The adolescents who participated in the study were between 17 and 19 years old, with an average age of 17.5 years, 97.5% were single, 83.5% lived with their nuclear family and 74.3% lived in rural areas. The results revealed that the adolescents have a low level of knowledge about breast-feeding, with 17.7% of the students answering at least half of the questions correctly. The per-centage of correct answers ranged from 0.0 to 67.3%, with an average of 37.9±12.9% and a median of 40.8%. In the comparison between groups, significant differences were found in terms of knowledge about BF, between the adolescents who saw their mother breastfeeding and those who did not, and between the adolescents whose topic was addressed in a school context and those who did not, respectively. Thus, the students who saw their mother breast-feeding had a significantly higher mean score of knowledge about BF (M = 43.7±9.0) than stu-dents who did not see their mother breastfeeding (M = 35.5±13.6) (p = 0.009). The students who stated that the topic of BF was addressed in a school context had a significantly higher mean score (M = 55.1±12.2) than the students who stated that the topic was not addressed in a school context (M = 37.2±12.5) (p = 0.018). It was also concluded that exposure to breastfeeding practices, whether through direct observation of the mother breastfeeding or through formal education, has a significant impact on adolescents' knowledge, and these results are corroborated by the literature reviewed. Thus, addressing breastfeeding in a school context can be an effective strategy for promoting its prac-tice among future mothers.
