Agentes voluntários de saúde: uma proposta alternativa de atendimento à populaçöes urbanas periféricas
Publication year: 1987
Trata-se de um caso sobre a intervençäo de um grupo de agentes voluntários de saúde em áreas urbanas periféricas da regiäo metropolitana do Rio de Janeiro. Para a pesquisa adotou-se uma abordagem qualitativa. O trabalho de campo ocorreu no período de agosto de 84 a julho de 85, através do Setor de Saúde Comunitária de um hospital do INAMPS, com participaçäo de treze agentes e quatro profissionais de saúde que integravam o programa. A coleta de dados desenvolveu-se mediante a observaçäo participante, entrevistas coletivas e individuais, bem como a análise documental. O referencial teórico utilizado é o processo de urbanizaçäo e o papel que assume o Estado na produçäo e distribuiçäo de bens de consumo coletivo. A análise demonstrou que voluntários sujeitos deste estudo, säo pessoas da própria comunidade, mulheres acima de 40 anos e integrantes da Pastoral da Igreja ou das Associaçöes de Moradores. A prática do agente voluntário ocorre paralela ao sistema oficial de saúde caracterizando-se como informal, assistencialista e marginal. A análise evidenciou ainda o Estado tentando desvencilhar-se de uma tarefa por ele assumida no processo de urbanizaçäo/industrializaçäo, lançando à populaçäo a tarefa de atender suas próprias necessidades de saúde. Enfim, conclui-se que a intervençäo de agentes voluntários de saúde sofre interferências oriundas de determinantes supraestruturais referentes ao modelo capitalista de produçäo, constituindo-se em proposta alternativa de atendimento às populaçöes em periferias urbanas que se ressentem de serviços de saúde eficazes.