Infecçäo hospitalar: estrutura básica de vigilância e controle
Publication year: 1990
Efetuamos um estudo sobre o processo de controle de infecçäo hospitalar (IH), desenvolvido em Hospitais de Ensino, objetivando especificar a(s) metodologia(s) de vigilância e controle de IH; buscar associaçöes entre a(s) metodologia(s) e o êxito do(s) programa(s); e propor uma estrutura básica de vigilância e controle de IH, direcionada para Hospital de Ensino. Participaram como sujeitos 81 Comissöes de Controle de Infecçäo Hospitalar (CCIH), instaladas em Hospitais de Ensino, situados em 21 Estados do Brasil. Os dados foram obtidos através de questionário, contemplando questöes atinentes a: - características e funcionamento da CCIH: critérios para diagnosticar IH; métodos de coleta de dados; tipos de vigilância epidemiológica e sua operacionalizaçäo; medidadas de prevençäo e controle; e infra-estrutura hospitalar para o controle de IH. As CCIH encontram-se em diferentes níveis de atuaçäo; assim, há CCIH partindo para a "sofisticaçäo" de dados, fazendo correlaçöes, implementando métodos de prevençäo e controle, enquanto a maioria está no início da coleta de dados, apresentando dificuldades operacionais. Os empecilhos à operacionalizaçäo do processo säo, em sua essência, de cunho filosófico, educacional e/ou administrativo. Prevalece nas CCIH a vigilância geral (66,66 por cento) e associaçäo dos métodos passivo e ativo (48,14por cento) para a coleta de dados. As medidas preventivas e de controle foram mencionadas por 67 CCIH (82,71 por cento), sendo que 54 CCIH (66,66 por cento) abordaram cuidados atinentes ao trato urinário; 48 CCIH (59,25 por cento) aplicados ao trato respiratório; 36 CCIH (44,44 por cento) sobre ferida cirúrgica; e 21 CCIH (25,92 por cento) quanto ao sistema vascular. O controle de antimicrobiano é realizado por 54 CCIH (66,66 por cento). Com respeito ao alcance dos objetivos propostos pelas CCIH, 37 CCIH (45,67 por cento) afirmaram ter atingido os seus objetivos; 28 CCIH (34,56 por cento) apenas parcialmente e 11 CCIH (13,58 por cento) disseram näo haver conseguido. Vários obstáculos foram mencionados. Estratégias e recursos pertinentes às necessárias soluçöes, devem se constituir em objeto de investigaçäo, visando ao alcance das metas determinadas pelas CCIH, nas diferentes localidades. Fundamentada nos dados, construímos uma estrutura básica para vigilância e controle de IH, usando o raciocínio epidemiológico; apontamos três aspectos intervenientes no processo: fatores supra-estruturais, estruturais e locais. Acreditamos que o desenvolvimento de programa de vigilância e controle de IH de alta efetividade, nos Hospitais de Ensino, servirá como modelo a ser seguido pelos profissionais aí formados. A adoçäo de uma filosofia que priorize a prevençäo, beneficiará tanto à equipe de saúde, quanto aos usuários dos hospitais, assim sendo, lutar contra a IH revela-se uma tarefa imperativa.