O significado da autonomia do enfermeiro no cotidiano hospitalar, à luz da fenomenologia existencial de Maurice Merleau-Ponty
Publication year: 1993
A inquietaçäo sobre o significado da autonomia do profissional enfermeiro no espaço hospitalar, configurou-se como uma questäo a ser estudada mais precisamente quando inicio as minhas funçöes como docente, supervisionando os alunos da disciplina Administraçäo Aplicada à Enfermagem da Escola de Enfermagem da UFMG, em um hospital público da rede estadual da cidade de Belo Horizonte. Essa interrogaçäo tornou-se mais intensa à medida que, em contato com os alunos, fui percebendo a incongruência entre a teoria e a prática, entre o ensino e serviço. Assim, busquei compreender essa questäo da autonomia sob a perspectiva dos enfermeiros que a vivenciam em seu cotidiano, numa estrutura espaço-temporal da experiência perceptiva, desvelando o seu significado existencial. Para tal, utilizei-me de uma abordagem fenomenológica, que me permitiu trabalhar o tema numa instância compreensiva, evitando enfocar a questäo da autonomia como um fato ou como um problema, mas sim como um fenômeno, que necessita ser explicitado e desvelado pelos sugeitos que o vivenciam no mundo da enfermagem, no contexto hospitalar. Foram colhidos oito depoimentos, onde os enfermeiros descreveram sobre a autonomia em seu cotidiano de trabalho, permitindo o desvelamento de perspectivas que integram a essência desse vivenciar. Para proceder à análise das unidades perceptivas que emergiram do vivido, recorri à fenomenologia existencial, fundamentada nas idéias do filósofo Maurice Merleau-Ponty. Para finalizar, realizei algumas reflexöes acerca do tema e da metodologia por mim adotada.