Estudo das relaçöes entre as temperaturas oral, axilar e retal, em pacientes clínicos internados em hospital-escola

Publication year: 1987

Incorporada à rotina de enfermagem, a prática de verificaçäo da temperatura corporal é efetuada, sistematicamente, na regiäo axilar e em horários-padräo estabelecidos pelas instituiçöes. Isto contribui para a obtençäo de um dado que näo exprime, com fidedignidade, a temperatura corporal central, levando a interpretaçöes divergentes acerca do estado térmico do paciente. Estes fatos, entre outros, levaram-nos a estudar o comportamento, em intervalos-horários pré-estabelecidos, das temperaturas axilar, oral e retal em pacientes clínicos, de ambos os sexos, com o objetivo de identificar se há significância clínica e estatística nas diferenças entre essas mensuraçöes, além de examinar o efeito da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar na obtençäo dos registros. O estudo foi desenvolvido na clínica médica de um hospital-escola, e consistiu na medida da temperatura de 143 pacientes, pertencentes à faixa etária de 16 a 60 anos, correspondendo 70 ao sexo feminino e 73 ao sexo masculino. Participaram da coleta dos dados, dois observadores treinados e acompanhados pela autora do trabalho. As temperaturas foram verificadas, através de um termômetro eletrônico, nas regiöes oral, axilar e retal, durante o período de 24 horas, nos seguintes intervalos-horários: 6:00-7:00 hs, 15:30-16:30 hs e 19:00-20:00 hs. Os resultados revelam que as médias das temperaturas axilar, oral e retal säo estatisticamente mais elevadas nos pacientes femininos, em relaçäo aos masculinos. Indicam também, que a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar näo têm efeito estatisticamente significativo na tomada de temperatura nas três regiöes. A temperatura medida na axila apresenta os menores valores comparados àqueles obtidos na boca e no reto. As diferenças encontradas entre as médias das três temperaturas, em relaçäo ao sexo dos pacientes e ao período de mensuraçäo, säo estatiscamente significantes (p<0.001). As diferenças entre as temperaturas axilar-oral e axilar-retal também säo consideradas de relevância clínica. Por conseguinte, acreditamos que os profissionais de saúde necessitam rever a prática de verificaçäo da temperatura corporal, se desejam obter um dado que estime a temperatura corporal central e contribua para a avaliaçäo do estado de saúde dos pacientes.