Estudo da representaçäo social do enfermeiro recém-formado em seu primeiro emprego e suas expectativas em relaçäo ao programa de orientaçäo

Publication year: 1992

Um bom programa de orientaçäo existente em uma instituiçäo hospitalar é a base para a garantia da boa qualidade da assistência ao paciente, na estabilidade emocional e na segurança de que um profissional recém-admitido precisa para desempenhar suas atividades e adaptar-se ao novo emprego. Isso é de fundamental importância para que ele se familiarize mais rapidamente com os objetivos e a filosofia da instituiçäo, bem como com sua planta física e com os novos colegas. Entretanto, na literatura sobre educaçäo continuada e educaçäo em serviço, encontra-se muito pouco sobre a situaçäo do recém-formado no seu primeiro emprego. Em funçäo disso, elaborou-se esta pesquisa com os objetivos de identificar a representaçäo social do enfermeiro recém-formado em relaçäo ao seu primeiro emprego; identificar o tipo de programa de orientaçäo (PO) oferecido pela instituiçäo hospitalar ao enfermeiro recém-formado; verificar a relaçäo entre a representaçäo social do enfermeiro e o programa de orientaçäo oferecido. Os dados foram coletados em seis hospitais com programa de orientaçäo para os enfermeiros recém-admitidos e dois hospitais sem programa formal de orientaçäo para os enfermeiros recém-admitidos. No presente trabalho, foram analisadas as expectativas do enfermeiro recém-formado em seu primeiro emprego, bem como os diferentes PO que säo oferecidos ao enfermeiro recém-admitido.

A metodologia utilizada permitiu concluir que há:

dificuldades no relacionamento com os funcionários, por causa da inexperiência do recém-admitido; dificuldades no desenvolvimento do trabalho, pela existência de um número muito grande de pacientes; dificuldades de enfrentamento da realidade, por causa da falta de continuidade e de ligaçäo entre os conhecimentos adquiridos na faculdade e os problemas encontrados no hospital; falta de orientaçäo por parte da chefia, que, no entanto, alega ter orientado bem o recém-admitido. Com relaçäo aos enfermeiros que näo receberam orientaçäo formal constatou-se que atendem mais as intercorrências administrativas do que as assistenciais diretas ao paciente. Com relaçäo aos enfermeiros que receberam orientaçäo constatou-se que näo há condiçöes práticas para aplicar o que se discute no PO: faltam reuniöes, desenvolvimento de funcionários, cooperaçäo dos colegas, entre outros; näo dominam técnicas e procedimentos comuns; as condiçöes financeiras das instituiçöes geram más condiçöes de trabalho. Quanto às instituiçöes estudadas que mantém PO verificou-se que apenas uma o tinha de maneira formal, sob a responsabilidade de enfermeiros com competência específica, enquanto que as outras instituiçöes faziam orientaçäo verbal, muitas vezes mal planejada e algumas sem planejamento. Identificou-se, ainda, que os enfermeiros que receberam orientaçäo relatam maior número de insatisfaçöes do que de satisfaçöes. Isso provavelmente se deve ao fato de que, tendo conhecido a forma como devem ser desenvolvidas as suas atividades, esses profissionais passaram a identificar os problemas mais rapidamente que os outros, que näo receberam orientaçäo, por terem visäo crítica das condiçöes da instituiçäo e do próprio trabalho.