Publication year: 1991
Objetivando identificar os problemas nasais de pacientes hansenianos em tratamento medicamentoso específico, realizamos este trabalho junto a 50 portadores desta doença, internados no Instituto "Lauro de Sousa Lima".
Levantamos as variáveis:
- sexo, idade, forma clínica da hanseníase, período provável de evoluçäo da moléstia, tempo de terapêutica, droga utilizada, regularidade na ingestäo dos medicamentos e resultado da baciloscopia. Através de entrevista, obtivemos informaçöes a respeito dos problemas nasais anteriores a terapia sistêmica e os percebidos atualmente. Pelo exame do nariz com espéculo nasal, identificamos os comprometimentos da porçäo anterior das narinas. Analisando os resultados, percebemos que 98 por cento dos pacientes examinados apresentavam algum tipo de problema nasal, independente de qualquer das variáveis levantadas. A amostra estudada era predominantemente do sexo masculino, com idade média de 52,2 anos, tempo médio de doença 18,7 anos, e tempo médio de tratamento de 16,9 anos. Em relaçäo à forma clínica, 68 por cento eram virchowianos, 18 por cento tuberculóides e 14 por cento dimorfos. Estavam em tratamento monoterápico com sulfona 88 por cento e 4 por cento recebiam as medicaçöes do Esquema 1; 4 por cento do Esquema 3; também 4 por cento recebiam, além da sulfona, droga experimental. Quanto à baciloscopia, 20 por cento tinham resultados laboratoriais indicando positividade e, em 22 por cento dos prontuários clínicos näo foi encontrado resultado deste exame. A ingestäo da quimioterapia anti-hansênica foi relatada como irregular por 38 por cento dos entrevistados. Tinham conhecimento de que a hanseníase pode comprometer o nariz 68 por cento dos pacientes, enquanto que 8 por cento ignoravam e 24 por cento negavam esta possibilidade. Poucos pacientes referiram pertubaçöes nasais anteriores ao início do tratamento. Os achados na rinoscopia anterior, foram semelhantes aos mencionados durante a entrevista. Os problemas nasais mais frequentes foram:
presença de crostas e secreçöes, palidez e ressecamento da mucosa nasal, atrofia do corneto inferior, perfuraçäo de septo, desabamento da pirâmide nasal, cicatrizes e fetidez. Concluimos que, mesmo na vigência da terapêutica medicamentosa, todo hanseniano deveria ter seu nariz examinado para aquilatar a necessidade da adequaçäo de cuidados locais.