Educaçäo em enfermagem: uma análise etnográfica da colaboraçäo serviços/escolas nos estágios clínicos

Publication year: 1991

A colaboraçäo dos Serviços de Enfermagem com as Escolas de Enfermagem existe em Portugal há vários anos embora de forma pouco sistematizada. Desde 1974, por força de Lei, os auxiliares de enfermagem passaram a integrar a categoria "enfermeiro" e, portanto, a participar no processo de colaboraçäo, no ensino dos alunos do Curso de Graduaçäo. Em 1987, a colaboraçäo Escola-Serviços foi reforçada pelo Despacho 1/87 do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, que determina que as Escolas de Enfermagem recebam duas turmas de alunas por ano, e que as enfermeiras dos Serviços colaboram na orientaçäo das alunas em estágio. Desde entäo, tornou-se minha preocupaçäo, compreender como estaria sendo desenvolvida a chamada colaboraçäo Escolas-Serviços na orientaçäo das alunas nos estágios clínicos. O objetivo deste estudo foi compreender como estava ocorrendo esse processo, segundo a visäo dos sujeitos nele envolvidos: docentes, enfermeiras de campo e alunas. O método de pesquisa utilizado foi o etnográfico. Para a coleta de dados utilizei a observaçäo participante e entrevistas semi-estruturadas, tendo como "informantes chave" as docentes, as enfermeiras de campo e as alunas que vivenciavam o processo, no momento da obeservaçäo. Na análise etnográfica foram identificados domínios culturais (19), dos quais 7 foram selecionados para análise taxonômica. Na análise dos domínios culturais constatei que as enfermeiras de campo gostam de ter alunas; preocupam-se com o modo como ensinam e como executam os cuidados diretos ao paciente, para proporcionarem um melhor aprendizado para as alunas.

Estes aspectos permearam quase todos os domínios culturais e me conduziram aos seguintes temas:

"há muita falta de informaçäo", "nós gostamos de ter alunos", e "nós devemos ser modelos". Estes dois últimos temas chamaram-me a atençäo, em virtude do primeiro ter emergido da queixa, de quase todas as enfermeiras, a respeito da falta de informaçäo e de preparaçäo, de um modo geral. Das falas das alunas, no entanto, emergiu o tema "a orientaçäo das enfermeiras é muito importante". Tenho de considerar, portanto, que os achados destes estudos säo relevantes para a compreensäo da colaboraçäo Serviços-Escolas e o estudo deve ser ampliado a todas as Escolas de Enfermagem de Portugal para que o processo, em estudo seja revisado e se efetive em sua plenitude.