Assistência prestada pelo enfermeiro em unidades de terapia intensiva: aspectos afetivos e relacionais

Publication year: 1993

A assistência prestada a pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tem levantado pontos polêmicos. Se de um lado ela requer intervençöes rápidas, de outro, näo tem dúvida de que as UTIs säo espaços naturalmente mobilizadores de emoçöes e sentimentos que frequentemente se expressam de forma muito intensa. O presente trabalho foi desenvolvido em 5 UTIs da Fundaçäo Hospitalar do Distrito Federal, objetivando caracterizar alguns aspectos da assistência prestada pelos enfermeiros aos pacientes internados em UTIs e a seus familiares, destancando-se: 1) algumas variáveis psicológicas envolvidas na interaçäo e 2) os recursos humanos e materiais disponíveis nas unidades em estudo e sua repercussäo na assistência prestada. Realizamos entrevistas semi-estruturadas junto a uma amostra, composta de 19 sujeitos, representando 40,0 por cento dos sujeitos lotados nessas unidades.

A análise e discussäo dos resultados permitiram as seguintes conclusöes:

1. a assitência prestada pelos sujeitos prioriza os aspectos técnico-bilógicos e, embora a comunicaçäo interpessoal seja apontada, pela maioria, como a açäo que mais promove o bem estar dos pacientes, sua prática é limitada, percebendo-se contradiçäo entre o saber aprendido na graduaçäo e o fazer no exercício da profissäo. Verifica-se envolvimento dos sujeitos com atividades administrativas, em detrimento da assistência direta ao paciente, prevalecendo um trabalho solitário com pouco estímulo ao estabelecimento de relaçöes interpessoais positivas junto aos pacientes, a seus familiares e à equipe de trabalho; 2. existência de falhas administrativas e organizacionais, ligadas a recurso humanos e materiais, que levam à necessidade de improvisaçöes; 3. ausência de um espaço formal nas unidades, como o oferecido por reuniöes regulares, onde os diversos profissionais possam discutir e refletir sobre seus conflitos, suas vivências diárias de satisfaçäo, dor, ansiedade, estresse, entre outros, vividos na lida diária nas UTIs junto aos pacientes, familiares e colegas de trabalho.