Publication year: 1997
O objeto deste estudo está delimitado pelo desenvolvimento histórico das políticas sanitárias em hanseníase e o processo de construçäo da cidadania dos indivíduos que se submeteram a esse controle sanitário.
Três recortes teóricos nos orientaram:
Saúde e sociedade - prática médica e políticas sociais; Cidadania, democracia e a constituiçäo do sujeito histórico social; e Estigma como categoria mediadora entre hanseníase e cidadania. A tentativa de análise abrangeu 60 anos de história da Colônia Santa Izabel. Trata-se de um estudo do tipo exploratório, de natureza qualitativa, para o qual usamos dois instrumentos: história de vida e análise documental. O confronto entre políticas sanitárias e movimentos de hansenianos nos permitiu estabelecer três cortes históricos. O primeiro, da institucionalizaçäo da Colônia Santa Izabel, é marcado pelo isolamento compulsório, que gerou exclusäo social e cerceamento de liberdade. Os doentes resistiram ao controle coercitivo com fugas e modos próprios de viver. O segundo período caracteriza-se pela possibilidade de cura com a dapsona e a adoçäo do isolamento seletivo. Os doentes e seus familiares empreenderam a construçäo do Arraial de Limas, na periferia da colônia, num processo de resistência e solidariedade. O terceiro período coincide com a desativaçäo das colônias e a elaboraçäo de um novo discurso:
"doença igual às outras". No plano dos doentes surge o Movimento de Reintegraçäo do Hanseniano, cuja matriz discursiva para a sociedade e o Estado é a luta contra a discriminaçäo e pela reintegraçäo social...