Publication year: 1996
Este trabalho teve como objeto de estudo as Representaçöes Sociais de mulheres(usuárias e profissionais de saúde) sobre a prevençÝo do câncer ginecológico. Foi realizado em um serviço público de saúde do município do Recife.
Os objetivos propostos foram:
1) Capitar as representaçöes sociais expressas pelas falas das mulheres envolvidas no Sub-programa do PAISM "Prevençäo do Câncer Cérvico-Uterino e de Mama"sobre a prevençäo do câncer ginecológico; 2) Analisar as representaçöes sociais sobre a prevençäo do câncer ginecológico a partir das falas das mulheres coletadas durante as entrevistas. Serviu-nos de base a Teoria das Representaçöes Sociais. Adotamos a pesquisa exploratória, por ela nos levar a investigar, registrar e descrever as construçöes sócio-culturais tais como concepçöes de mundo, crenças, mitos e valores culturais sobre a mulher, que se constituem em representaçöes sociais. Optamos pela abordagem qualitativa pelo fato de que ela nos possibilita a aproximaçäo com os vários significados das açöes e relaçöes humanas, que näo poderiam ser captadas através de médias, estatísticas e / ou equaçöes. Para fins de coleta de dados, utilizamos a entrevista näo estruturada e a observaçäo participante. Concluímos que a mulher profissional "carrega"consigo o peso da dupla jornada de trabalho, sem que no entanto tenha a consciência das relaçöes entre o mundo público (do trabalho) e o mundo doméstico. Inferimos também que a identidade feminina está sendo construída com base nos mitos transmitidos com base no patriarcado e fortalecidos tanto pela Igreja quanto pela Medicina . O corpo da mulher foi aqui representado de forma negativa, constituindo objeto do pecado, de onde o aparecimento da vergonha e do pudor. Os órgäos ginecológicos foram representados como "sujos", exalando "mau cheiro", frágeis"näo devendo por isso ser tocados. Algumas mulheres disseram se sentir humilhadas por serem pobres e negras. O câncer foi visto em duas perspectivas:
na perspectiva das portadoras e dos portadores enquanto " ameaça de morte", "doença incurável", ämeaça à sexualidade e/ou ao exercício de seus diferentes papéis sociais" e naquela das profissionais de saúde, enquanto ameaça ao poder médico de curar doenças, explicando-se a partir daí o sentimento de impotência diante da morte e do medo do descontrole emocional das usuárias diante da confirmaçäo do diagnóstico...