Estar despido na Unidade de Terapia Intensiva: duas percepçöes, um encontro
Publication year: 1996
Pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva, na maioria dos hospitais do Brasil, permanecem despidos durante a internaçäo. Alguns estudos têm demonstrado que tal conduta provoca desconforto e sofrimento, além de dificultar a adaptaçäo a um ambiente agressivo e estressante. A justificativa para esta rotina é a dificuldade de manipulaçäo do corpo, em situaçöes de emergência, e a presença de equipamentos, drenos e cateteres. Como arte e ciencia do cuidar, a Enfermagem pouco tem discutido o problema, mantendo a inflexibilidade da norma, desconsiderando esta necessidade emocional da clientela. Neste estudo, analisou-se uma amostra de vinte e cinco pacientes conscientes internados na UTI do Hospital Universitário Lauro Wanderley, em Joäo Pessoa - PB, utilizando-se a Estrutura Conceitual e a Teoria do Alcance de Metas de Imogene King, com foco no conceito de percepçäo. Os objetivos do estudos foram avaliar a percepçäo do paciente sobre a condiçäo de encontrar -se despido na UTI, verificar a necessidade da nudez como requesito para a assistência e apresentar propostas de intervençäo de enfermagem. Os dados analisados quantiqualitativamente, permitiram o resgate dos discursos dos pacientes que apontam a nudez como causa de constrangimento pelo desrespeito ao pudor e mostram falhas na proteçäo da privacidade do paciente. A observaçäo da amostra estudada permitiu visualizar que os cuidados prestados ao paciente e a instalaçäo de equipamentos näo säo, via de regra, impedimento absoluto para o uso de roupas. A proposta de intervençäo do estudo é a modificaçäo da rotina da nudez na UTI, mediante a implementaçäo de uma assistência que contemple as necessidades físicas e emocionais dos pacientes graves, considerando-os enquanto seres sexuados, dotados de vontade e capazes de decidirem sobre si e sobre sua saúde.