Ser mäe de uma criança especial: do sonho à realidade
Publication year: 1995
O presente estudo foi delimitado a partir de inquietações pessoais e profissionais da autora e centrou-se na percepção que mães de crianças especiais têm de sua situação. Para tanto, foi utilizado o método de história de vida. as referências conceituais discutem aspectos da Maternagem e da sexualidade feminina do ponto de vista psicanalítico e cultural, objetivando a compreensão do significado para a mulher de ter um filho especial. As categorias de análise emergiram dos depoimentos maternos, prestados por meio de entrevistas abertas e foram a natureza e a auto-realização; a relação mãe-filho-família; e a relação com o profissional. A análise dos dados foi em grande parte baseada na visão de Kubler-Ross, sobre as fases emocionais pelas quais passam pacientes com diagnóstico de doença grave ou fatal. Evidenciou-se o desejo de ter um filho como a grande possibilidade de auto-realização feminina; ansiedade em relação à perfeição do concepto, principalmente, nas gestações de alto risco e a ambiguidade entre a "mulher-mãe"e a "mulher-mulher". As cobranças sociais baseada na figura da "boa-mãe" intensificam a insegurança que mães de crianças "normais"têm no seu papel de mulher-mãe e, exacerbam o sentimento de incapacidade nas mulheres-mães de crianças especiais. A pesquisa mostrou ainda, que o profissional ao deparar-se com o nascimento de uma criança especial, tem dificuldade de lidar com seus próprios sentimentos, apresenta frustação e ressente-se de sua impotência. Evidenciou-se também, a necessidade de reformulação curricular para a formação de profissionais da área de saúde, que atualmente é especializada, fragmentada, tecnicista e incompatível com a realidade prática.