Publication year: 1995
Este estudo intenta contribuir para uma reflexäo acerca da prática e do papel da enfermeira no campo de Saúde Mental. Nessa perspectiva tomo como objeto empírico a prática das enfermeiras participantes no processo de transformaçäo institucional em Saúde Mental de Santos (Säo Paulo), operacionalizado na Casa de Saúde Anchieta e Núcleos de Atençäo Psicossocial, visando a uma compreençäo do ser enfermeira no cotidiano dessas instituiçöes.
A questäo principal que norteia o estudo é:
Como se dá a prática das enfermeira? Constitui-se, assim, como um estudo de caso fundamentado a partir das reflexöes construídas com referenciais teóricos de autores da Psiquiatria Democrática Italiana e de autores do próprio movimento de transformaçäo institucional em Saúde mental de Santos. Utilizo alguns dos princípios da observaçäo participante e da entrevista semi-estruturada, no sentido de uma aproximaçäo mais significativa com as enfermeiras. As informaçöes obtidas foram trabalhadas com base na análise de conteúdo proposta por PAGéS; BONETTI; GAULEJAC et al (1990), a partir da qual estabeleci as seguintes categorias para a prática das enfermeiras na Casa de Saúde Anchieta: a) a corrida para cobertura das alas/a busca de um lugar ao sol/ b) o envolvimento, o vínculo e o "jogo de cintura" como formas de relaçäo/ c) o papel é construído/desconstruído na trajetória: formaçäo/experiências pessoais e profissionais. No que se refere a prática das enfermeiras nos Núcleos de Atençäo Psicossocial, estabeleci as seguintes categorias: d) a busca de um lugar ao sol como realidade; e) o "jogo de cintura"/ o jogo aberto na relaçäo com outros/ f) o papel é construído/desconstruído na prática concreta. tais categorias elicitadas nas idas e vindas, do corpus ao referencial teórico permitiram-se fazer uma reflexäo acerca dos mecanismos de aceitaçäo/negaçäo do papel de mantenedoras da ordem a acerca do enfrentamento dos estereótipos atribuídos às enfermeiras, chegando a uma compreensäo que o ser enfermeira no cotidiano institucional constitui-se num constante vir a ser, portanto, é continuamente reinventado.