Gravidade do trauma e probabilidade de sobrevida em pacientes internados

Publication year: 2000

Estudos de morbidade por causas externas säo escassos em virtude da dificuldade de obtençäo de dados para sua realizaçäo. Ainda mais escassos säo aqueles que examinam a gravidade do trauma com vistas a determinar sua magnitude e repercussäo na assistência aos que sofreram os agravos. O estudo apresenta a análise descritiva retrospectiva sobre a morbi-mortalidade hospitalar por causas externas com o uso de medidas objetivas da gravidade do trauma e probabilidade de sobrevida. Os índices utilizados para mensurar a gravidade do trauma foram o sistema "Abbreviated Injury Scale" (AIS) / "Injury Severity Score" (ISS) e o "Revised Trauma Score" (RTS). Para calcular a probabilidade de sobrevida (Ps), usou-se o "Trauma and Injury Severity Score" (TRISS). A populaçäo do estudo foi constituída por 1.781 pacientes de causas externas internados no Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Säo Paulo no ano de 1998. Do total de pacientes, 30,15 porcento foram internados em decorrência de acidente de transporte, 24,32 porcento por agressöes e 17,24 porcento por quedas. A populaçäo foi constituída, predominantemente, por pacientes do sexo masculino e jovens entre 15 e 39 anos. Entre os pacientes, 43,34 porcento foram provenientes da cena do evento e 39,08 porcento transferidos de outros hospitais. O atendimento pré-hospitalar foi realizado em tempo médio de 49 minutos a maioria daqueles que vieram diretos da cena do evento. A mortalidade hospitalar foi 12,63 porcento, e nas primeiras 24 horas morreram 64,01 porcento. A maioria das causas externas foi classificada em trauma contuso (61,42 porcento), seguido de penetrante (23,24 porcento). A gravidade da lesäo possível para 1.542 (86,58 porcento) pacientes de acordo com o Manual AIS resultou em 4.918 lesöes decorrentes, predominantemente, de trauma contuso (75,79 porcento), mais freqüentes na regiäo da cabeça (28,12 porcento) seguida da face (22,00 porcento). A média de lesöes por paciente foi 3,19. Em relaçäo à gravidade, verificou-se que lesöes leves (AIS1) foram freqüentes na face (45,03) e as lesöes sérias (AIS3), graves (AIS4) e críticas (AIS5) foram mais freqüentes na regiäo da cabeça, 43,21 porcento, 75,00 porcento e 69,82 porcento, respectivamente. A gravidade do trauma (ISS) com base na gravidade das lesöes (AIS), foi calculada para 1.527 (99,02 porcento) pacientes. A maioria (65,75 porcento) foi classificada com escores ISS < 16. No grupo de sobreviventes...