Escravas do risco: bioética, mulheres e Aids

Publication year: 2000

Esta tese analisa os componentes morais relacionados à mudança do perfil epidemiológico de gênero da epidemia da Síndrome de Imunodeficiência Humana (HIV/Aids).

A pesquisa empírica foi realizada com dois grupos de pessoas:

gestantes cadastradas em programas de acompanhamento pré-natal e equipes de saúde que as assistiam. Durante o trabalho de campo, quando foram coletados dados quantitativos e etnográficos, foi possível apreender os valores morais associados à crescente feminização da epidemia, principal objeto desta tese. Os resultados demonstraram que, além das causas epidemiológicas tradicionalmente consideradas pelos formuladores de políticas públicas de saúde, a principal causa de exposição ao risco entre as mulheres são os valores morais relacionados à conjugalidade, onde a crença na segurança do casamento é o fator que mais intensamente as expõe a um estado permanente de vulnerabilidade. No atual momento da epidemia, a confluência entre valores morais e conjugalidade transforma as mulheres em escravas do risco, determinando que as políticas de intervenção nesta realidade necessariamente considerem as crenças morais ligadas à conjugalidade como principal fator de exposição ao risco.