A criatividade no ensino superior de enfermagem à luz dos componentes do processo ensino-aprendizagem: o professor, o aluno e o currículo

Publication year: 2001

O tema que norteia esta pesquisa é o paradigma da criatividade, e o problema trata do modelo educacional tecnicista nos cursos de enfermagem brasileiros. Delineou-se este estudo partindo da questão orientadora. Na opinião de professores e alunos, o Curso de Graduação em Enfermagem tem favorecido o desenvolvimento e a expressão da criatividade, considerando as três estruturas fundamentais do processo ensino-aprendizagem: o professor, o aluno e o currículo? Utilizaram-se, principalmente, os argumentos teóricos de Csikszentmihalyi, Renzulli, Amabile, que destacam o contexto social como adjuvante na expressão criativa. A premissa destas teorias é que fatores extrínsecos como as experiências criativas em casa e na escola, o incentivo familiar e a promoção de ambiente adequado propiciam o desenvolvimento da personalidade criativa. Realizou-se a pesquisa junto ao Departamento de Enfermagem de uma Universidade Pública do Distrito Federal, sendo constituídos grupos amostrais de 65 alunos e 15 docentes. Os partícipes responderam ao instrumento construído por Alencar, denominado neste estudo de Questionário de Avaliação de Procedimentos Docentes. No tratamento estatístico dos dados quantitativos, utilizou-se a análise de variância, a média e desvio padrão de cada item e geral, bem como o teste t de Student. Aos dados advindos da questão aberta, classificaram-se as respostas em categorias, realizando a análise de conteúdo.

Os resultados sobre a atuação docente apresentaram opiniões distintas entre as duas amostras:

os professores consideraram que estimulam o desenvolvimento e a expressão criativa dos alunos; entretanto, os discentes não concordaram neste ponto com os seus mestres. No que tange ao nível de criatividade, os professores se avaliaram entre criativos e muito criativos, e avaliaram seus alunos e pares entre pouco criativos e criativos. Os alunos avaliaram a si mesmos e seus pares como criativos, e seus professores como pouco criativos. Ambas amostras enfatizaram que o currículo não é favorecedor à criatividade do educando. Constatou-se que no Curso de Enfermagem selecionado não se implantou o Currículo Pleno em atenção à Portaria 1721/94. Portanto, o mesmo está vinculado a uma estrutura curricular arcaica que: ressalta o tecnicismo, não promove a interação entre professor, aluno e currículo e dificulta o desenvolvimento e a expressão da criatividade de forma plena.