Publication year: 1998
Neste trabalho estudamos o fenômeno da mobilidade ocupacional na Enfermagem e por decorrência a mobilidade social de um grupo de enfermeiros com peculiaridades próprias:
vivência profissional pregressa na funçäo de atendentes, auxiliares ou técnicos de enfermagem, origem social, condiçöes socioeconômicas e culturais diferenciadas, bem como as trajetórias educacional e profissional. Grupos similares e numericamente crescentes vêm se inserindo no mercado de trabalho advindos predominantemente das instituiçöes da rede privada de Ensino Superior. Essa conformaçäo poderá possivelmente num futuro próximo, transformar o cenário da prática de Enfermagem. Este foi o principal motivo que me levou a realizar este estudo, que tem por objetivos: apreender as manifestaçöes de reconstruçöes materiais e simbólicas da mobilidade socioocupacional assim como as representaçöes socialmente constituídas pelo próprio grupo acerca do fenômeno vivenciado. Para tanto, abordamos a questäo numa dupla perspectiva: de externalidade, analisando quantitativamente a mobilidade ocupacional no contexto sociocultural e na trajetória de vida dos sujeitos e de internalidade, buscando entender qualitativamente as construçöes de caráter expressivo, os significados representacionais relativos à pópria mobilidade ocupacional. Concluímos que em relaçäo às condiçöes objetivas de vida, para aproximadamente metade dos participantes, houve uma mudança no padräo socioeconômico no sentido da ascensäo. Entretanto, esta aconteceu muito mais em razäo do duplo vínculo empregatício do que em funçäo da mobilidade ocupacional propriamente dita. Destacamos ainda, que mais de 40 porcento dos sujeitos premaneceram no mesmo patamar socioeconômico e para um participante houve descenso social, apesar da mobilidade ocupacional. Quanto às construçöes de natureza expressiva relacionadas à própria mobilidade, constatamos que este processo envolveu uma necessidade de repactuar a própria identidade profissional. Neste processo os determinantes socioenconômicos e educacionais se relativizam considerando a existência de uma outra dimensäo relacionada à escolha profissional:
a afetiva, a necessidade de atender os chamados interiores, configurando um processo inscrito também na dimensäo subjetiva. A reidentificaçäo profissional no nível superior foi decorrente da qualidade deste processo identificatório