A morte e o morrer nas representaçöes sociais dos alunos de curso de ensino médio de enfermagem

Publication year: 2001

A profissionalizaçäo na área de saúde está voltada para o encontro de caminhos que conduzam a uma melhor forma de viver, a ênfase está na vida. Porém a temática mais problematizada no cotidiano da enfermagem é o morrer. A equipe de saúde está cada vez mais se especializando para atuar em relaçäo à doença, tentando garantir a vida, mas näo havendo explicitamente preocupaçäo com o enfrentamento da morte e do processo de morrer. O profissional de ensino médio é um agente imprescindível no processo de cuidar, sua formaçäo técnica deve ser acrescida de reflexöes e discussöes sobre o enfrentamento da morte e do morrer. Este estudo tem o propósito de buscar subsídios que possam contribuir com a formaçäo desses elementos da equipe de enfermagem.

Esta pesquisa teve como objetivos:

desvelar as representaçöes sociais dos alunos do Curso de Ensino Médio de Enfermagem, acerca do processo da morte e do morrer e correlacionar essas representaçöes com o cotidiano vivido durante o curso. A metodologia adotada foi qualitativa, tendo o referencial da Representaçäo Social como suporte teórico. Foram entrevistadas 10 sujeitos, alunos de uma instituiçäo de Ensino da cidade de Säo Paulo. A análise temática foi o recurso para o entendimento das falas.

Cinco categorias foram delineadas com algumas temas:

1) a morte näo é o fim; 2) representaçöes em relaçöes à morte e o morrer de familiares e amigos (abrir o chäo: vazio e saudade; impotência e culpa - impossível impedir a finitude e a perda; compartilhar os últimos momentos; finalizaçäo do sofrimento); 3) representaçöes em relaçöes à morte e o morrer de pacientes (perda, tristeza, saudade - impotência, fracasso; culpa: poderia ter feito mais?; buscar explicaçöes); 4) aspectos éticos; 5) religiosidade. A representaçäo dos sujeitos desta pesquisa acerca da morte e do morrer fica caracterizada como onipotência X impotência, numa conotaçäo de poder e fracasso. Esta representaçäo está ancorada na onipotência do cuidado, um cuidado entendido como ilimitado