Enfermagem em saúde mental: por que näo?

Publication year: 2002

As transformaçöes paradigmáticas por que passa o campo da Saúde Mental, a participaçäo inovadora e criativa de profissionais da área na construção de novas práticas assistenciais, o cotidiano nos equipamentos extra-hospitalares, bem como as mudanças no espaço hospitalar criam um novo cenário para o cuidado do sujeito doente mental. No bojo dessas transformaçöes, säo observadas reflexöes sobre a atuaçäo e formaçäo do profissional enfermeiro. Esta dissertaçäo foi motivada pela vivência da pesquisadora como docente de Enfermagem Psiquiátrica, com o intuito de conhecer o que leva o aluno a fazer, ou näo, a escolha, pela enfermagem psiquiátrica como especialidade de atuaçäo profissional. Inicialmente o tema foi delineado, durante a experiência da autora do estudo como enfermeira assistencial em um ambulatório de saúde mental ao conviver com estagiários e aprimorandos e perceber situaçöes ambíguas como receios, afastamentos ou aproximaçöes e interesses.

Foram definidos dois objetivos para a investigaçäo:

compreender a maneira como o aluno interpreta suas experiências no decorrer do processo ensino-aprendizagem da disciplina Enfermagem Psiquiátrica e identificar elementos desse processo que podem motivar ou näo a opçäo pela enfermagem psiquiátrica como campo de atuaçäo profissional. O presente estudo constituiu-se de uma pesquisa descritiva, de caráter exploratório com abordagem qualitativa. Foram entrevistados 16 alunos de uma instituiçäo de ensino superior da cidade de Säo Paulo.

A análise temática dos discursos foi organizada nas seguintes categorias:

vivências no processo ensino-aprendizagem, com quatro temas (sentimentos, identificaçäo, autoconsciência, avaliaçäo); cuidar: sujeitos e equipe; opçäo profissonal. O cuidado em enfermagem em saúde mental, finalidade da atuaçäo profissional que foi percebido em toda complexidade. Os alunos entrevistados foram explícitos ao falarem sobre as intençöes de estabelecer ou näo um envolvimento com as questöes da subjetividade de quem cuida e de quem é cuidado. A intençäo com a transformaçäo por que passa o campo da saúde mental, vai determinando a escolha ou näo pela especialidade. Esta pesquisa possibilitou um olhar pelas experiências dos alunos no processo de ensino-aprendizagem e pode trazer pontos significativos para quem ensina enfermagem em saúde mental nesse momento de transiçäo de modelos e políticas educacionais e de saúde