A constituiçäo dos modos de perceber a loucura por alunos e egressos do curso de graduaçäo em enfermagem
Publication year: 2003
Este estudo teve por objetivo conhecer como foi constituÃda a percepçäo que os alunos de graduaçäo e egressos de uma Escola de Enfermagem têm sobre o doente mental e, compreender de que forma o ensino de enfermagem psiquiátrica repercute nesse processo. Para tanto, foi usado o método qualitativo com enfoque na Fenomenologia Social e, como recurso de desvelamento da essência do fenômeno, foram realizadas entrevistas com nove alunos ingressantes no curso de graduaçäo que näo haviam experienciado o ensino na área da Saúde Mental utilizando as seguintes questöes norteadoras: Doente mental: quando você ouve esta palavra que imagens Ihe vêm à mente? Como foi sendo constituÃda, ao longo de sua vida, esta percepçäo que você tem do doente mental? No entanto, aos dez enfermeiros egressos, também sujeitos desta investigaçäo, foi acrescida a questäo: Após ter cursado a Disciplina Enfermagem Psiquiátrica, houve alteraçäo na sua percepçäo em relaçäo ao Doente Mental? Dos discursos dos sujeitos emergiram cinco categorias concretas do vivido: percebendo uma pessoa diferente; pessoas que despertam medo; pessoas que despertam dó e compaixäo; preconceito e contextualizando a percepçäo sobre o doente mental. Embora tenha sido possÃvel encontrar semelhança inicial entre os discursos dos alunos e dos egressos no que se refere à percepçäo constituÃda, duas outras categorias originaram-se pautadas na vivência do processo ensino-aprendizagem proporcionada pela Disciplina Enfermagem Psiquiátrica: pessoa que precisa de ajuda, reelaboraçäo da percepçäo. O tipo vivido do aluno quanto à percepçäo do doente mental, foi assim constituÃdo: uma pessoa diferente, violenta, sem controle, que perde a razäo, sem habilidades e condiçöes de viver socialmente, que desperta emoçöes conflitantes como medo, preconceito e compaixäo. O egresso retrata um tipo vivido que concebe o doente mental como uma pessoa que precisa de ajuda, pois a falta de conhecimentos, de recursos psÃquicos e emocionais dos profissionais, das famÃlias e da sociedade favorece a segregaçäo e a exclusäo. Assim, os doentes atendidos sob este novo paradigma, por agirem sem se auto-estigmatizarem, estabelecem um novo modelo de relaçäo com os profissionais. O estudo permitiu compreender que o estigma do doente mental, construÃdo socialmente, está bastante arraigado nos sujeitos e, portanto, em nossos alunos, muito do que se verifica como fruto da própria psiquiatria e que transformaçöes ocorreräo a partir da...