A saúde do trabalhador e o gerenciamento em enfermagem

Publication year: 2002

Os estudos realizados sobre a saúde dos trabalhadores de enfermagem diagnosticam como as formas de organizaçäo do trabalho de enfermagem em suas diversas dimensöes säo geradoras de processos saúde-doença. Neste trabalho, partimos do pressuposto de que o conhecimento até entäo gerado sobre gerenciamento de recursos humanos em enfermagem, ainda, näo incorporou, de forma consolidada, a reflexäo de como é determinante da saúde do trabalhador, seja potencializando-a ou gerando processos desgastantes, apontando para a emergência de mudanças nessa realidade de trabalho. Tem por objetivos refletir sobre as formas de organizaçäo do trabalho de enfermagem, como geradoras de processos saúde-doença a que submetem os trabalhadores e as estratégias de intervençäo possíveis a partir da inovaçäo no gerenciamento em enfermagem. Elegemos estudos que abordam a saúde do trabalhador de enfermagem, considerando as linhas de pensamento, como a positivista, a compreensiva e a materialista histórica e dialética. Aprofundamos a análise na busca do entendimento de como as formas de organizaçäo do trabalho säo geradoras de desgaste e tomamos as concepçöes dos modelos gerenciais que as concretizam. Evidenciamos possibilidades de superaçäo dessa realidade, a partir das possibilidades de reorganizaçäo do trabalho de enfermagem, que podem ser concretizadas na implementaçäo de modelos gerenciais inovadores. Propomos estratégias que favoreçam a saúde no trabalho, a partir da qualificaçäo profissional e dos modelos gerenciais. Discutimos a qualificaçäo profissional abordando o ensino de graduaçäo, pós-graduaçäo e de extensäo. Nos modelos gerenciais pontuamos a educaçäo continuada, a supervisäo, o planejamento e outras ferramentas de trabalho que possam incorporar a autonomia, a criatividade, a relaçäo dialógica e ética, enfim, permitir a expressäo da subjetividade dos trabalhadores. Essas propostas têm a intencionalidade da transformaçäo pois as realidades que se apresentam prescindem de açäo imediata que se contraponha ao poder hegemônico que se reproduz nos modelos gerenciais centrados na racionalidade. As reflexöes realizadas tomam o espaço de trabalho de enfermagem, como espaço micropolítico, onde se reproduzem as políticas sociais e de saúde. Em síntese, ao tomar esse espaço, partimos do pressuposto de que nele estäo contidas as possibilidades de mudança e transformaçäo, na medida em que os sujeitos que nele operam detêm as potências, näo só para redirecionar a inovaçäo nos...