Barreira microbiana das máscaras cirúrgicas descartáveis segundo o seu tempo de utilizaçäo

Publication year: 2003

A prática da utilizaçäo de máscaras cirúrgicas durante a realizaçäo dos procedimentos cirúrgicos, como uma medida de prevençäo da infecçäo do sítio cirúrgico (ISC), vem sendo questionada nos últimos tempos. Com o intuito de produzir evidências científicas, foi desenvolvida a presente investigaçäo, com delineamento experimental, controlado, que teve como objetivo avaliar a eficácia da barreira microbiana das máscaras cirúrgicas descartáveis (Eficácia de Filtraçäo Bacteriana - BFE- de 95 porcento), segundo o seu tempo de utilizaçäo (1 hora, 2 horas, 4 horas e 6 horas). Os dados foram coletados em uma sala de operaçäo de uma unidade de centro cirúrgico de um hospital privado do município de Säo Paulo cuja estrutura física atende às recomendaçöes atuais propostas pelo Ministério da Saúde (RDC-50 - MS/2002). Para os experimentos, constituiram-se 2 grupos denominados controle e experimental. O primeiro sem utilizaçäo de máscaras cirúrgicas e o segundo com elas. A fim de reproduzir as conversaçöes que normalmente ocorrem entre a equipe cirúrgica durante o ato operatório, uma variável que interfere no período de validade das máscaras cirúrgicas descartáveis, manteve-se o controle de palavras emitidas pelos colaboradores da coleta de dados, nos dois grupos, em todos os tempos estudados. Para controlar a influência do ambiente, foram mantidas placas de Petri no ambiente de sala de operaçöes, próximas à entrada do ar condicionado. Realizou-se a contagem das Unidades Formadoras de Colônia (UFC) das unidades de análise das simulaçöes em ambos os grupos, nos intervalos de tempo pré-estabelecidos (1, 2, 4 e 6 horas), por meio das placas de Petri com meio de cultura (Agar Triptona Soja -ATS) dispostas sobre a mesa cirúrgica. Foram identificados os microrganismos mais freqüentes encontrados nas simulaçöes. Os dados foram submetidos à análise estatística e os resultados mostraram que a utilização da máscara cirúrgica diminuiu (coeficiente de regressäo = -20,10) a média de UFC das placas da mesa cirúrgica que simulou o campo operatório, em todos os tempos testados. Verificou-se que a sua utilizaçäo além de 2 horas aumentou a contaminaçäo das placas da mesa cirúrgica. Nas análises estatísticas foram consideradas as interferências da contaminaçäo ambiental e constatou-se que existiu uma correlaçäo positiva alta (coeficiente de correlação = 0,886) entre as médias de UFC da mesa cirúrgica e do ambiente, estatisticamente significante (P< 0,001). Concluiu-se que...