Ações voltadas para saúde mental na estratégia de saúde da família: intenções de equipes e expectativas de usuários e familiares

Publication year: 2010

Considerando a discussão sobre a inserção de ações de saúde mental na atenção básica, especialmente na Estratégia de Saúde da Família (ESF), observa-se a necessidade de mais estudos para aprofundar a compreensão dessa interface, em que se privilegie a acepção das perspectivas de diferentes atores sociais intimamente envolvidos nesse processo. O objetivo desta pesquisa foi compreender o significado das ações voltadas para saúde mental no contexto da ESF, na perspectiva de profissionais de saúde, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), usuários e familiares. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo fenomenológica, com utilização do referencial da fenomenologia social de Alfred Schutz. A coleta de informações foi realizada nos meses de maio e junho de 2010 em duas unidades de saúde da família localizadas no município de Porto Alegre/Rio Grande do Sul, Brasil. Foram realizadas entrevistas infraestruturadas com 47 sujeitos, sendo nove profissionais, 10 ACS, 16 usuários e 12 familiares. A análise compreensiva dos achados permitiu descrever o significado da ação por meio da identificação do típico da ação de cada grupo de sujeitos entrevistados. A convergência entre as intenções da equipe da ESF (profissionais de saúde e ACS) e as expectativas de usuários e familiares revelou que o atendimento das demandas desses sujeitos é fundamental para garantir a eles o acesso a serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade, sobretudo na atenção básica, por estarem mais próximos dos sujeitos e por serem depositários da confiança deles. Contudo a análise dessas convergências revelou que a relação intersubjetiva é um aspecto altamente relevante para a assistência em saúde mental na ESF, necessitando de maiores investimentos da equipe, ampliando espaços e intensificando as trocas sociais entre os envolvidos – equipe, usuários e familiares.