Centro de atenção psicossocial III: construção e desenvolvimento das ações de enfermagem

Publication year: 2017

Este estudo tem como objeto as ações da equipe de enfermagem em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III do município do Rio de Janeiro. CAPS é um serviço de base comunitária, criado para regular a atenção em saúde mental no país, cujo atendimento tem caráter interdisciplinar. Os CAPS III tem como peculiaridade o acolhimento noturno e, em sua equipe mínima, deve contar com Enfermeiro e Técnico de Enfermagem. Assim, as ações de enfermagem neste dispositivo são importantes para que o mesmo funcione a contento e de acordo com a Reforma Psiquiátrica.

Os objetivos deste estudo foram:

caracterizar a equipe de enfermagem em um Centro de Atenção Psicossocial III do município do Rio de Janeiro; descrever as ações realizadas pela equipe de enfermagem neste Centro; analisar como as ações de cuidado de enfermagem se constituem no mesmo. Estudo qualitativo de abordagem descritiva e exploratória. O cenário de estudo foi o Centro de Atenção Psicossocial III – João Ferreira da Silva Filho, localizado no município do Rio de Janeiro. Os participantes foram sete Enfermeiros e oito técnicos de enfermagem. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada. Os dados foram transcritos e analisados através da Analise Temática de Bardin à luz do Tidal Model desenvolvido por Phil Barker. Os resultados apontam que os profissionais de enfermagem desenvolvem ações que incluem os cuidados elementares de enfermagem e cuidados voltados para a rebilitação psicossocial. A equipe de enfermagem realiza atividades interna no CAPS e atividades extramuros, como matriciamento e visita domiciliar. O acolhimento noturno é realizado, na maioria das vezes, somente pela equipe de enfermagem, o que foi apontado como questão a ser solucionada no CAPS. A equipe de enfermagem desenvolve suas ações usando ferramentas para um cuidado terapêutico que converge para a desinstitucionalização e reinserção social. O tempo para a escuta é valorizado e, dessa forma, é possível trabalhar com as pessoas em sofrimento psíquico considerando o seu “oceano de experiências” e as melhores estratégias para superarem as diferentes marés, continuando a viver em suas casas com o apoio do CAPS.

Conclusão:

Os achados da pesquisa apontam para uma equipe de enfermagem que busca e se interessa por realizar um bom cuidado em saúde mental e possui total envolvimento com as questões sócio-históricas que perpassam esse cuidado. Tais questões fazem dos profissionais de enfermagem pessoas que lutam para que haja dignidade no tratamento e na assistência das pessoas em sofrimento psíquico, uma vez que são responsáveis em fazer valer uma mudança de lógica assistencial, qual seja, a mudança do modelo manicomial para o psicossocial.(AU)