Política de saúde do homem: o cuidar e o cuidado de enfermagem em emergência às vítimas de intoxicação exógena por Carbamato ("Chumbinho"

Publication year: 2012

A população brasileira estimada em 2010, era de 93.406.990 homens. Das inúmeras situações de emergência, os envenenamentos por carbamato conhecido como “chumbinho”, integram um quantitativo significativo desses atendimentos.

O objeto:

Caracterização dos cuidados de enfermagem à vítimas masculinas de intoxicação exógena por carbamato (“chumbinho”).

Questões norteadoras:

como as vítimas masculinas de intoxicação exógena por Carbamato recebem os cuidados de enfermagem nas salas de emergência e quais são os cuidados de enfermagem que recebem? Os cuidados de enfermagem recebidos são capazes de atender às necessidades humanas básicas destas vítimas? Objetivos: identificar e descrever os cuidados de enfermagem recebidos pelas vítimas e discutir a aproximação dos cuidados recebidos com a tipologia de cuidados (COELHO, 1997). Referencial teórico-metodológico baseou-se nos conceitos de Emergência, de Cuidar/cuidados de Enfermagem (COELHO, 1997) e de masculinidade (GOMES, 2003). A coleta dos dados obedeceu a Resolução 196/96 do CNS/MS, o CEP/SMSDC-RJ aprovou o Protocolo de Pesquisa nº 35/2011. A técnica de coleta foi a observação não-participante, os instrumentos foram roteiro e formulário de observação de campo. A população foi composta por 154 homens. Estudo realizado na emergência de um Hospital público e no banco de dados de um Centro de Controle de intoxicações, localizados no Rio de Janeiro. O estudo de caso foi utilizado como estratégia de pesquisa. A análise dos dados qualitativos foi através de análise temática, e por meio do software Atlas.ti versão 6.2, os dados quantitativos foram analisados através de freqüência simples e percentual.

Resultados e Discussão:

Na faixa etária dos 20 a 29 anos, foram notificados 62 (41,6%) casos de intoxicação por carbamato, dos 30 aos 39 anos, 29 (19,5%) casos, dos 40 a 49 anos, 34 (22,8%) casos e dos 50 aos 59 anos, foram notificados 24 (16,1%) casos. Predominaram-se casos de auto-ingestão. Os serviços públicos de emergência estiveram presentes na maioria absoluta dos atendimentos. Todos os homens estavam desempregados ou viviam fazendo “bicos” para sobreviver. Os solteiros foram maioria da amostra e fatores relacionados às intoxicações são o fato de morar sozinho, estar depressivo e ser usuário de drogas. 57,7% (86) das notificações as vítimas apresentaram miose, 51% (76) sialorréia, 34,2% (51) fasciculações musculares, 28,9% (43) sudorese, 26,8% (40) vômitos, 625,5% (38) broncorréia e a taquicardia se manifestou em 20% (30) dos casos. Estiveram presentes os cuidados de lidar com prioridade (100%), de se apresentar como enfermeiro e o de ouvir (20%) o cuidado de higiene pessoal não foi realizado em nenhum dos homens, entre outros.

Conclusão:

Conclui-se que além de grave problema de Saúde Pública, é imperativo destacar a necessidade de conscientizar a população sobre os riscos do “chumbinho”. Os resultados indicaram que os cuidados recebidos pelos homens não foram suficientes para atender as necessidades humanas básicas dos mesmos. A questão da masculinidade também foi tratada na dimensão dos conflitos sociais, e a vulnerabilidade do homem às pressões sociais, bem como, a relação do cuidar de si como estratégia para a prevenção de agravos à saúde da população masculina.(AU)