Participação de adolescentes de Comunidade Quilombola na construção de material educativo sobre álcool

Publication year: 2016

A participação de adolescentes na construção do almanaque álcool e ritos em uma Comunidade Quilombola foi tomado como objeto de estudo.

Três questões nortearam a pesquisa:

Quais são as experiências e vivências de adolescentes com o álcool nos ritos de passagem em uma comunidade quilombola do Município de São Mateus (ES)? Como essas experiências e vivências podem ser incorporadas na construção do almanaque, com a participação de seus leitores finais? Quais demandas de saberes científicos sobre o álcool foram incorporadas nessa construção unindo-os com o saber local? Teve-se como objetivos: desvelar o modo de convivência de adolescentes com o álcool nos ritos de passagem entre os residentes de uma comunidade quilombola; produzir storyboards que refletissem a experimentação e uso/consumo do álcool nos diferentes lugares e entre as diversas pessoas, como parte dos ritos de passagem de adolescentes, em uma comunidade quilombola; validar o almanaque “Álcool e ritos de adolescentes em uma comunidade quilombola” com o leitor final. Pesquisa participante realizada com 17 adolescentes entre 10 e 17 anos de idade, de uma comunidade quilombola do norte do estado do Espírito Santo. Foram implementadas cinco dinâmicas do Método Criativo e Sensível, em três etapas. A dinâmica “Encurtando distâncias”, “Eu sou... estou... quero...”; “Minha casa... meu mundo...” (questão geradora de debate [QGD]: “Na minha casa a bebida alcoólica está...”); “Construindo meu mundo...” (QGD: “Perto da minha casa eu vejo a bebida alcoólica em...”) e “Teatro na Escola” (QGD: “A bebida está na escola...”), na etapa diagnóstica da experiência e vivência com o álcool em casa, comunidade e escola. A dinâmica “Encurtando distâncias” (QGD: “Os personagens são... as cenas estão... as histórias apresentam...”), na produção do almanaque. E “Encurtando distâncias entre o que se produziu e o almanaque” (QGD: “Os personagens são... as cenas estão... as histórias se parecem...”), na validação. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A análise temática contribuiu para a elaboração de cinco storyboards e três histórias em quadrinhos. Imagens e narrativas das produções na etapa diagnóstica contribuíram com informações geográficas, socioculturais e familiares dos cenários e a biografia dos personagens, bem como as demandas de conteúdos científicos. Os cinco storyboards versaram sobre “A bebida alcoólica em casa com minha família”; “A bebida alcoólica no boteco; “a bebida alcoólica e Eu”; “A bebida alcoólica no jogo de futebol e nas festas da comunidade”; “a bebida alcoólica na escola”. Essas histórias, após leitura dos adolescentes, foram reestruturadas em três histórias em quadrinhos do Almanaque, a saber: “Uma história possível”, “Beber compensa?” e “Grandes momentos da minha vida”. O conteúdo científico é apresentado no formato de “curiosidades” e “você sabia”. O reforço do conhecimento mediado é testado em passatempo com quatro jogos. Concluiu-se com a tese de que a construção de um material educativo em saúde, destinado a adolescentes, dessa zona rural, precisa contar com a participação do leitor final da etapa diagnóstica, com as narrativas de suas experiências e vivências, à produção dos storyboards e validação do produto final.(AU)