Representações sociais de enfermeiros da área de saúde sexual e reprodutiva sobre reprodução humana assistida

Publication year: 2015

A pesquisa em tela teve como objeto de estudo as representações sociais de enfermeiros da área de saúde sexual e reprodutiva sobre reprodução humana assistida (RHA). Pesquisa qualitativa, do tipo descritivo exploratório com aplicação da teoria das representações sociais (TRS), segundo Serge Moscovici.

O estudo teve como objetivos:

descrever as representações sociais de enfermeiros que trabalham/atuam na saúde sexual e reprodutiva sobre RHA e analisar a atuação do enfermeiro na RHA, tendo em vista suas representações sociais sobre biotecnologias reprodutivas. Os participantes do estudo foram (30) trinta enfermeiros que trabalham/atuam na área de saúde sexual e reprodutiva do município do Rio de Janeiro, divididos em dois grupos, a saber: primeiro grupo representado por 16 participantes que trabalham na área de saúde sexual e reprodutiva, porém não trabalham diretamente com RHA, denominado grupo 1-NTRHA, e o segundo formado por 14 participantes que trabalham na área proposta e atuam diretamente com RHA, nomeado grupo 2 – TRHA. Os dados produzidos receberam tratamento específico com posterior triangulação de dados. No Teste ALI houve categorização das evocações que forneceu indícios de RS sobre o objeto estudado; a caracterização dos participantes da pesquisa foi obtida pelos dados numéricos que receberam tratamento estatístico simples, que traçou o perfil socioeconômico e demográfico (grupo de pertença), e a Entrevista Semiestruturada forneceu dois “corpus” que foram processados pelo software Alceste versão 2012®, no qual o corpus do grupo 1-NTRH obteve 76% de aproveitamento, gerando cinco classes e do grupo 2 – TRHA 68% de aproveitamento, produzindo seis classes.

A pesquisa apresentou como resultados:

para o grupo 1-NTRH, a reprodução humana ficou expressivamente ligada aos aspectos da natureza humana, como um evento biológico intocável e designado à esfera humana, portanto a interferência tecnológica da RHA, no contexto da concepção, emerge como algo perturbador e não deve ser considerada solução para demandas reprodutivas não atendidas. Esse grupo se apresenta distanciado da RHA, nesse sentido opta pela adoção de criança, como resolução para as demanda reprodutivas não alcançadas. Esse grupo, não incorpora a prática do cuidado pré-natal de gestações advindas de RHA, por considerarem que essas gestações sucedem de um contexto conceptivo de excessiva medicalização e manipulação da vida. Como traço quase hegemônico, o grupo 2 – TRHA, também atribui a reprodução humana como algo inerente à natureza humana, no entanto, representam a RHA enquanto recurso biotecnológico reprodutivo conectado, contextualmente, com a sociedade contemporânea, portanto atende como solução para dificuldade reprodutiva. Esses profissionais estão envolvidos com as novidades do universo biotecnológico reprodutivo, portanto se apresentam favoráveis e seguros quanto à incorporação do cuidado pré-natal pelo enfermeiro de gestações advindas de RHA, apesar de considerarem como uma gravidez diferenciada, em virtude da carga emocional/afetiva envolvida na mulher/casal. Esse grupo reconhece o campo da RHA como passível de dilemas bioéticos, nesse sentido apontou a carência de informação acadêmica que abordem a temática da RHA durante a formação acadêmica, seja na graduação e/ou pós-graduação, assim como assinalaram a ausência de respaldo legal dos conselhos/entidades de classe de enfermagem para apoio ao cotidiano laboral.(AU)