Percepções do aluno adolescente sobre a saúde na escola: uma perspectiva Merleaupontiana
Publication year: 2015
Este estudo faz parte de nossas inquietações vivenciadas ao longo de nosso percurso profissional em saúde no Instituto Federal Fluminense (IFF) que nos levaram a problematizar a saúde na educação escolar e sua contribuição na formação do adolescente. A adolescência é marcada por transformações biopsicossociais, que impulsionam mudanças no desenvolvimento do indivíduo, e sua forma de se relacionar consigo e com o meio. O adolescente tende ao isolamento no seu próprio mundo, guardando para si as dúvidas e os receios pertinentes a essa fase. Assumem comportamentos e hábitos que prejudicam sua saúde, tais como: o consumo de álcool e drogas, a violência, as práticas sexuais precoces e desprotegidas, a gravidez indesejada, os riscos das infecções sexualmente transmissíveis, dentre outros. Porém, a saúde para o adolescente não é tarefa das mais simples, pois não se reduz às ações assistencialistas com foco na doença. Trata-se de um estudo que objetivou compreender a percepção do aluno sobre o serviço de saúde desenvolvido na escola, e construir, tomando como base a fala do aluno, uma proposta de intervenção com foco na proteção, prevenção e promoção à saúde do adolescente. Na metodologia, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com abordagem fenomenológica à luz do referencial teóricofilosófico de Maurice Merleau-Ponty, em que a busca das vivências concorre para ampliar o campo de percepção sobre as sensações, desejos e necessidades dos seres humanos, o que contribui para a prática da saúde mais completa. A entrada em campo ocorreu nos meses de março e abril de 2015, após a aprovação do Protocolo do Projeto de Dissertação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, sob o n° 895.040. Mediante a disposição de urnas de sugestões em três locais de uso coletivo pelos alunos, procurou-se compreender o entendimento do discente sobre a saúde na escola. E através da entrevista fenomenológica com os discentes matriculados há cerca de um ano nos cursos técnicos integrados ao ensino médio, na faixa etária de 14 a 20 anos, cujo encerramento ocorreu ao final do 34° encontro, buscou-se responder à questão: Conte para mim qual a sua percepção em relação à saúde na escola? Como resultado da apreensão dos significados e interpretação dos discursos emergiram três temas: a percepção da saúde no “mundo-da-vida” escolar, a percepção fenomenológica da saúde na formação escolar, a saúde em si e a saúde para a escola: a construção da proposta do adolescente para o seu “mundo-da-vida”. Desvelaram-se o desejo e a pretensão de uma assistência humanizada, o atendimento estendido aos três turnos escolares, ampliação da equipe de profissionais, ações interdisciplinares, com atenção à saúde mental, adoção de práticas pedagógicas em saúde, provimento de insumos e infraestrutura adequada à prática da saúde na escola. Conclui-se que a educação em saúde, o cuidado humanizado e a participação da comunidade escolar e da sociedade são os pilares para a dinamização da saúde escolar. A contribuição da saúde reside na possibilidade de ação integrada e articulada, de cunho crítico reflexivo, capacitando os adolescentes para o enfrentamento dos riscos e vulnerabilidades próprios dessa fase
This study is part of our apprehensions experienced throughout our professional career in health care, in particular at the Fluminense Federal Institute (IFF) which led us to discuss the health in school education as well as its contribution in shaping the adolescent. Adolescence is marked by biopsychosocial changes that promote changes in the individual development and their way to relate with themselves and with the environment. The adolescents tend to isolate themselves in their own world, keeping for themselves the questions and concerns pertaining to this phase. They assume behaviors and habits that undermine their health, such as: the consumption of alcohol and drugs, violence, early and unprotected sexual practices, unwanted pregnancy, the risks of sexually transmitted diseases, among others. However, adolescent health is not the simplest task, to the extent that it cannot be reduced merely to welfare actions with a focus on disease. This is a study that aimed at understanding the student's perception about the health service developed at school, and to build, on the basis of the students’ talks, an intervention proposal focusing on protection, prevention and promotion of the adolescent health. In the methodology, therefore, a phenomenological approach qualitative research has been developed in the light of Maurice Merleau-Ponty’s theoreticalphilosophical approach, where the search for students’ experiences competes to enlarge the perception field about the feelings, desires and needs of human beings, which contributes to a more complete health and practice complex. The entry in the field occurred in the months of March and April 2015 after the approval of the Dissertation Protocol Project by the Institution’s Research Ethics Committee, under the n° 895,040. Through the provision of ballot boxes suggestions in three locations of students’ collective use, we sought to understand the student's understanding on school health. Also, through the phenomenological interview with students enrolled in the high school integrated technical courses, among the 14 to 20 years old, closing at the 34th meeting we sought to answer the following question: Tell me what your perception in relation to health at school is? As a result of the appropriation of the meanings and interpretation of speeches three themes emerged: the perception of health in the world-of-school life, the phenomenological perception of health, health education and health for the school: the construction of the adolescent proposal for their “world of life”. It has been unveiled the desire and intention of a humanized assistance, extended to three school shifts, professional team expansion, interdisciplinary actions, with attention to mental health, adoption of pedagogical practices in health, provision of inputs and adequate infrastructure to health practice at school. It is concluded that health education, the humanization of care and collaborative participation of the school community and society are the pillars for the health promotion. The great contribution of school health lies within the possibility of integrated and articulated actions as well as reflective and critical measures empowering teenagers to face the risks and vulnerabilities which are common to this phase