Representações sociais das mulheres homossexuais sobre DST: implicações para às práticas preventivas

Publication year: 2014

Introdução:

As DST são um grave problema de saúde pública e vem atingindo cada vez mais as mulheres, entretanto este agravo em saúde é pouco estudado entre as mulheres homossexuais. Os mitos e estereótipos sobre a lesbianidade em nossa sociedade contribuem para potencializar as vulnerabilidades deste segmento populacional no que tange as DST/HIV/aids. Este estudo visou analisar os conteúdos que organizam as representações sociais das mulheres homossexuais sobre as DST; caracterizar as ações e práticas frente as DST, considerando as medidas preventivas e de cuidados e discutir as relações existentes entre as representações sociais das mulheres homossexuais sobre as DST, em sua vida sexual e as possíveis tomadas de decisão frente à adoção de medidas preventivas das mulheres homossexuais atendidas no Centro de Testagem e Aconselhamento, na Estratégia de Saúde da Família e na Unidade de Cuidados Básicos do Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis da UFRJ . Optou-se pela realização de um estudo descritivo com abordagem qualitativa na perspectiva processual da Teoria das Representações Sociais de Moscovici. Os participantes foram 30 mulheres adultas homossexuais. Como coleta de dados foram utilizados três instrumentos um para traçar o Perfil Sócio Econômico Demográfico, a Técnica da Associação Livre de Ideias e um roteiro de entrevista semi-estruturada. A análise de dados dos discursos foi realizada por meio do Programa Alceste e todas as etapas éticas de pesquisa com seres humanos foram atendidas.

Resultados:

A faixa etária foi entre 20- 60 anos, grande parcela com ensino médio e superior completo, religião a católica, da cor/etnia parda e com práticas sexuais exclusivamente com outras mulheres, sem uso de preservativo. Foram identificados dois grupos de pertença neste estudo, sendo o mais representativo composto por 27 mulheres que atribuíram a vulnerabilidade aos patógenos sexuais a falta de cuidados diários e principalmente aos cuidados de higiene, e por último, um grupo menor de 3 mulheres com histórico de DST em suas relações homoafetivas, associaram a origem destas doenças a qualquer relação sexual sem o uso do condom independente da orientação sexual.

Conclusões:

Este estudo demonstrou que mesmo sendo baixa a transmissão do HIV entre mulheres, os profissionais de saúde não devem assumir que mulheres homossexuais têm automaticamente baixo risco em adquirir quaisquer DST. A questão primordial desta pesquisa foi desconstruir mitos e disseminar informações relevantes e necessárias para a prevenção e o tratamento deste problema neste segmento populacional, além de quebrar a invisibilidade para com o corpo da mulher homossexual, garantindo uma assistência digna e humanizada de acordo com suas especificidades, além de propor medidas de cuidados mais eficazes e efetivas a partir da compreensão dos elementos de representação social dos nossos sujeitos de pesquisa.(AU)