Comportamento do sono de crianças prematuras egressas da unidade neonatal

Publication year: 2017

A prematuridade acarreta uma série de riscos para o crescimento e desenvolvimento infantil, dentre esses, alterações na constituição do sono podem viabilizar doenças ou potencializar déficits decorrentes do parto prematuro. Objetivou-se avaliar o comportamento do sono de crianças que nasceram prematuras egressas da Unidade Neonatal de 12 a 18 meses. Estudo transversal, exploratório e quantitativo, realizado no Ambulatório Especializado de Pediatria do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará e no Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce, de julho/2015 a fevereiro/2016. Amostra por conveniência de 30 crianças de 12 a 18 meses que nasceram prematuras e egressas da unidade neonatal e 30 cuidadores principais. Utilizaram-se na coleta formulário de caracterização dos participantes, Infant Sleep Questionnaire (ISQ) e um diário de atividades diárias e hábitos de sono da criança. Os dados foram organizados no Microsoft Office Excel e analisados pelo Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0. Calcularam-se as medidas média, desvio padrão e razão de chances e seu intervalo de confiança 95%. Para a associação das variáveis do cuidador e neonatais com o sono infantil, empregaram-se os testes de Qui-Quadrado, razão de verossimilhança e teste exato de Fisher. Para todos os testes foi fixado o nível de significância de 5% (p<0,05). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, conforme CAAE 446786615.3.0000.5054. As variáveis do cuidador que apresentaram associação significativa, segundo critério dos escores totais, do cuidador e do avaliador do ISQ, foram outras raças que não a parda (branca, preta, indígena e amarela), estado civil sem companheiro, horário de dormir do cuidador após 22h31min e acordar entre 5h00min e 6h59min horas e com duração total de sono por noite de 4h00min à 5h59min. Quanto à criança, idade gestacional ao nascer entre 31 e 36 semanas, não fazer uso da antibioticoterapia durante a internação neonatal, duração total de cinco a oito horas e meia de sono por noite, presença de sestas ao longo do dia e dormir no quarto dos pais foram correlacionadas ao comportamento alterado do sono infantil. Intervenções para estímulo ao sono, como balançar a criança na rede e alimentá-la logo antes de dormir, também, obtiveram associação significativa. As informações coletadas pelo instrumento de caracterização foram semelhantes às obtidas no diário do sono, entretanto, o número de despertares no questionário foi subestimado em relação ao diário. Segundo os registros, a maioria das crianças dormia na rede, acompanhadas pelo cuidador, demonstrando em média uma sesta pela tarde e um despertar noturno independente de eventos externos inesperados. Conclui-se que crianças prematuras moderadas e limítrofes egressas da unidade neonatal possuem mais risco de apresentar comportamento alterado de sono que prematuras extremas. Do mesmo modo, variáveis comportamentais e hábitos do sono tanto dos cuidadores como da criança, como horários para dormir e acordar, duração total do sono e intervenções para estímulo do mesmo, são mais influentes para o surgimento alterações no sono infantil que condições perinatais. Portanto, sugerem-se, por parte do enfermeiro, intervenções de promoção da saúde do sono infantil direcionadas a família como um todo. (AU)