Publication year: 2016
A hemodiálise contínua é uma terapia crescente empregada na Unidade de Terapia
Intensiva, estando o enfermeiro diretamente inserido neste processo complexo,
especialmente quanto ao manejo da tecnologia aplicada a este cuidado. Entretanto,
questiona-se o seu saber/conhecimento para o manejo desta tecnologia e as repercussões
que traz à segurança do paciente.
Os objetivos da pesquisa são:
Descrever o manejo da
tecnologia de hemodiálise contínua aplicada ao cuidado do paciente na Unidade de
Terapia Intensiva pelo enfermeiro; Analisar tal manejo quanto às repercussões na
segurança do paciente; Discutir a segurança do cuidado de enfermagem ao paciente que
utiliza tecnologia de hemodiálise contínua na Unidade de Terapia Intensiva,
particularmente quanto à atuação do enfermeiro frente a tais tecnologias. Pesquisa de
campo, qualitativa, de cunho exploratório, realizada com 23 enfermeiros atuantes no
cuidado ao paciente que encontra-se em hemodiálise contínua na Unidade de Terapia
Intensiva de um hospital privado do município do Rio de Janeiro. Realizou-se entrevista
a partir de um roteiro semiestruturado e observação das práticas de cuidado destes
profissionais quanto ao manejo da tecnologia de hemodiálise contínua, que totalizaram
130 horas. Os dados de entrevista foram submetidos à análise de conteúdo temática e os
de observação analisados a partir de sua descrição densa. Os resultados foram
organizados em três categorias:
a primeira delas abarca as diferentes atividades
desempenhadas pelo enfermeiro no manejo da hemodiálise nas fases de
preparo/planejamento e de monitorização/acompanhamento, as quais ocorrem a partir
da interface que estabelece com a tecnologia e da aplicação de conhecimentos
especializados no campo da nefrologia. Tais atividades são feitas dentro de um modelo
colaborativo de nefrointensivismo em que enfermeiros da própria unidade com expertise
no cuidado ao paciente submetido à hemodiálise contínua colaboram com a atuação dos
enfermeiros responsáveis pelo cuidado direto a este paciente. Todavia, ambos também
responsabilizam-se pelo cuidado de pacientes que não se encontram em hemodiálise no
setor, acumulando outras funções assistenciais. A segunda categoria trata da
qualificação dos enfermeiros para o manejo da hemodiálise contínua, demonstrando as
lacunas na formação ao nível da graduação e da pós-graduação, bem como no
treinamento fornecido pela instituição; além do efeito da inexperiência na atuação do
enfermeiro, que produz a vivência dos sentimentos de medo e insegurança. Tais
lacunas implicam no enfrentamento de dificuldades quando da necessidade de manusear
a hemodiálise contínua. Essas dificuldades se materializam durante a realização de
procedimentos como:
devolução do sangue ao paciente, calibração das balanças,
montagem do sistema, interpretação do significado dos alarmes, as quais geram a
ocorrência de incidentes que comprometem a segurança do paciente, temática abordada
na terceira categoria de análise. Em face desses resultados e à luz dos conceitos
aplicados no estudo é preciso pensar nestas condições latentes que incidem na atuação
profissional, para que não ocorram erros que possam comprometer a segurança do
paciente crítico. Assim, recomenda-se a adoção de barreiras que favoreçam a cultura de
segurança do hospital quanto ao emprego desta tecnologia, quais sejam:
aperfeiçoamento do modelo de inserção dos enfermeiros inexperientes nesta assistência, com o uso da simulação na sua formação, implementação de checklists, revisão do
modelo colaborativo de hemodiálise contínua e da organização do trabalho dos
enfermeiros.(AU)