Publication year: 2017
No contexto epidemiológico da aids, os homens que fazem sexo com homens tem sido uma categoria prioritária para ações de prevenção, devido à adoção de práticas sexuais desprotegidas, à aquisição de comportamentos de risco e ao estigma e à discriminação. Assim, uma política de prevenção efetiva para este subgrupo deve estar focada na perspectiva da minimização da vulnerabilidade dos grupos, por meio da ação sobre os diversos aspectos individuais, sociais e programáticos. O estudo tem como objetivo analisar a vulnerabilidade ao HIV/aids dos homens que fazem sexo com homens a partir das práticas sexuais. Estudo quantitativo, transversal e correlacional, realizado em dois locais de sociabilidade gay, localizados na região central da cidade de Fortaleza, Ceará. A população compreendeu os homens que fazem sexo com homens que frequentam a cena gay de Fortaleza. A amostra do estudo foi obtida por conveniência e compreendeu 257 indivíduos.
O instrumento utilizado foi submetido à validação de face e conteúdo por 03 juízes e consistiu em um formulário estruturado em quatro partes distintas:
identificação, identidade sexual, histórico sexual e práticas sexuais. Foram investigadas associações entre as variáveis dependentes e independentes do estudo. Realizou-se análise bivariada usando o teste qui-quadrado de Pearson com um nível de significância menor que 0,05, para investigação de associação entre as variáveis. A análise comparativa das médias foi realizada pelo ANOVA e pelo teste t de Student. Os resultados evidenciaram que quanto a caracterização sociodemográfica, a faixa etária de 18 a 24 anos apresentou 45,5% (117), média 27,19 anos, 89,2% (229) eram alfabetizados, com, no mínimo, ensino médio completo, solteiros 86,4% (222), católicos 52,9% (136) e 57,6% (148) pardos. Nos dados da identidade sexual, predominou a preferência pelo termo homossexual, com 44,7% (115) e o apoio familiar foi referido por 43,6% (112). A maioria dos respondentes relatou a realização do sexo oral, representando 95,7% (246). Enquanto, 44% (113) responderam “não uso” o preservativo no sexo oral. Quanto ao sexo anal, quase a totalidade dos sujeitos referiu a prática do sexo anal, que representou 98,4% (253). Revelou-se, que 73,5% (189) dos indivíduos assumiam o papel ativo e passivo na relação e que 71,6% (184) dos entrevistados referiu o uso do preservativo “sempre”. O envolvimento em relação sexual desprotegida apresentou diferença estatisticamente significante quando associado a possuir parceria fixa (p=0,000), utilização do preservativo no sexo oral (p=0,000) e no sexo anal (0,004). Constata-se a influência marcante da vulnerabilidade individual e social na determinação das situações de suscetibilidades do grupo estudado frente ao HIV/aids, como a alta prevalência de realização de sexo oral desprotegido e a associação significativa da prática sexual desprotegida com a parceria fixa. Recomenda-se uma abordagem específica desses fatores para uma melhor compreensão da epidemia de aids nesse segmento. Conclui-se que a suscetibilidade do subgrupo de homens que fazem sexo com homens e a compreensão de suas particularidades constituem, ainda, um grande desafio a ser enfrentado em todos os espaços em que condições de risco para aquisição do HIV/aids estejam presentes. (AU)