Intervenção de enfermagem voltada à queixa de infertilidade na atenção básica
Publication year: 2017
A assistência ao Planejamento Familiar (PF) está assegurada, no Brasil, pela Lei 9.263 de 12 de janeiro de 1996. Apesar de a assistência aos casais inférteis estar igualmente garantida no contexto da atenção ao PF, os esforços são dirigidos à área da anticoncepção, mantendo esse público-alvo à margem dos cuidados da atenção básica direcionados ao aumento da chance de concepção, nos quais se destaca a orientação acerca da Temperatura Corporal Basal (TCB) e do muco cervical. Objetivou-se verificar a eficácia da intervenção de enfermagem voltada à queixa de infertilidade na atenção básica. Estudo quase experimental, do tipo antes e depois, realizado com 64 mulheres acompanhas na Casa de Parto Natural Dra. Lígia Barros Costa/Centro de Desenvolvimento Familiar (CPN/CEDEFAM), após serem captadas nos Centros de Saúde da Família (CSF) das Secretarias Executivas Regionais (SER) III e IV. Os dados foram coletados por meio de entrevista, de maio a novembro de 2012, como também pela aplicação de inquérito Conhecimento, Atitude e Prática (CAP) antes, uma semana após e três meses após a intervenção, que consistiu na leitura compartilhada de um folheto educativo sobre o muco cervical e a TCB. Foi realizada análise estatística simples, utilizando-se frequência absoluta e relativa, média ( ) e Desvio Padrão (DP). Para avaliar conhecimento, atitude e prática das mulheres sobre a TCB e o muco cervical, foi utilizada escala tipo likert para classificar o conhecimento em: nenhum, limitado, moderado, substancial e extenso; a atitude e a prática em: inadequada, ligeiramente adequada, moderadamente adequada, substancialmente adequada e completamente adequada. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, segundo Resolução no. 196/96, sendo aprovado conforme protocolo no. 108/12 e as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A faixa etária das participantes predominou entre 18 e 30 anos (45; 70,3%); o tipo de união prevalente foi parceria fixa (63; 98,4%); escolaridade predominante foi o ensino médio completo (32; 50%); e desemprego foi a realidade de 27 (42,2%) das mulheres, cuja média de renda per capita foi de R$ 617,04 reais. A tentativa de concepção há um ano ou mais foi apresentada por 52 (81,3%) mulheres; 46 (71,9%) haviam realizado exames e tratamentos prévios; e 25 (39,1%) haviam gestado em algum momento da vida, sendo 16 (25%) do parceiro atual. As práticas desfavoráveis à concepção relatadas eram modificáveis, tendo o uso de lubrificantes como mais presente (7; 11%). No inquérito CAP aplicado antes da intervenção, quase a metade não apresentou nenhum conhecimento (28; 43,8%); a atitude e a prática predominante foram a substancialmente adequada (44; 68,7%) e a inadequada/ inexistente (47; 73,4%), respectivamente. No inquérito CAP imediatamente após a intervenção, 18 (64,3%) apresentaram conhecimento extenso; 28 (100%) atitude completamente adequada e 25 (89,3%) prática completamente adequada. No inquérito CAP após três meses da intervenção, 7 (100%) demonstraram conhecimento extenso, e atitude e prática completamente adequadas. A gravidez foi obtida por 8 (12,5%) mulheres, ratificando a pertinência da intervenção de enfermagem aplicada ao grupo. (AU)