Elaboração, validação e efeitos de uma intervenção educativa voltada ao controle da sífilis congênita
Publication year: 2017
Objetivou-se construir e validar uma cartilha educativa sobre a prevenção da transmissão vertical da sífilis e avaliar os seus efeitos no conhecimento, atitude e prática (CAP) de gestantes antes e após a intervenção. Trata-se de estudo metodológico, associado a um quase experimental, o qual foi desenvolvido em três fases: elaboração da cartilha educativa “Como prevenir a transmissão da sífilis de mãe para filho? Vamos aprender!”, validação de aparência e conteúdo do material por 22 juízes e validação de aparência junto ao público-alvo, com 11 gestantes ou puérperas com diagnóstico de sífilis internadas na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC). A última fase foi a avaliação da cartilha com 41 gestantes acompanhadas na Casa de Parto Natural Lígia Barros Costa (CEDEFAM) no mês de setembro de 2016 para verificar seus efeitos no CAP relacionados à temática. Os dados obtidos foram organizados, processados e analisados pelo programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Para análise da validade de conteúdo e aparência da cartilha, utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), o teste binomial, o Alfa de Cronbach e uma concordância entre cada grupo de participantes de pelo menos 80%. Aplicou-se o teste de legibilidade de Flesch para verificar o índice de legibilidade da cartilha. Os dados obtidos pela aplicação do questionário SAM (Suitability Assessment of Materials) passaram por uma análise percentual e foram classificados como superior, adequado ou inadequado. E os dados do inquérito CAP receberam uma análise por meio de testes estatísticos descritivos. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFC, segundo o parecer nº 1.615.683. Inicialmente a cartilha foi elaborada e dividida em oito domínios (Apresentação; O que é a Sífilis?; Como descobrir se você tem sífilis?; Como você pode evitar a Sífilis Congênita?; Como é o tratamento da Sífilis?; Qual a importância do tratamento do parceiro?; Vamos resumir as informações da cartilha por meio de Perguntas e Respostas?; Fechamento da cartilha), seguindo-se o que a literatura recomenda para linguagem, ilustração e layout. Em seguida a cartilha passou pela validação por juízes, na qual se mostrou como material validado do ponto de vista de aparência e conteúdo, com IVC global (0,96) e Alfa de Cronbach total da cartilha de 0,955, mostrando a satisfatoriedade dos juízes com o material e a homogeneidade nas avaliações. Quanto à avaliação dos juízes pelo SAM, considerou um material educativo “superior. Em relação à validação de aparência pelo público-alvo, a cartilha também foi avaliada de forma muito positiva, obtendo 100% de concordância entre elas quanto aos aspectos clareza e relevância. E um IVC global máximo, com valor de 1,00, demonstrando que o material construído é confiável e validado para se aplicar junto às gestantes, visando a prevenção da transmissão vertical da sífilis. Após os ajustes pertinentes ao processo de validação, aplicou-se o Flesch Legibility Test (ILF), sendo a leitura dos domínios da cartilha classificada como “fácil” ou “muito fácil”. Na última fase do estudo, ao avaliar os efeitos da intervenção educativa, verificou-se um aumento da porcentagem de mulheres classificadas com um conhecimento, atitude e prática adequados após a leitura da cartilha. Essa mudança considerável na prática foi estatisticamente significativa (p=0,002), demonstrando que a leitura da cartilha educativa foi efetiva para promover mudanças comportamentais, principalmente no que se refere a adoção de prática sexual saudável. Portanto, infere-se que a cartilha pode ser utilizada como recurso auxiliar nas atividades de educação em saúde, como uma tecnologia educativa facilitadora do processo ensino-aprendizado. Comprova-se a tese: o uso da cartilha sobre a prevenção da transmissão vertical da sífilis como estratégia de educação em saúde de gestantes, possibilita a melhoria do CAP sobre o assunto. (AU)