Publication year: 2017
O objetivo foi avaliar a efetividade de uma intervenção telefônica na adesão antirretroviral e no estilo de vida de pessoas vivendo com HIV. Realizou-se um ensaio clínico aberto e prospectivo com 164 pacientes de dois serviços de atenção especializada de Fortaleza, Ceará, entre agosto de 2016 a julho de 2017.
Os participantes foram divididos em dois grupos:
a) Intervenção: recebeu o cuidado habitual do serviço e mensagens individuais enviadas via aplicativo de celular Whatsapp® (n=83) e b) Controle: recebeu somente o cuidado habitual do serviço (n=81). Os grupos foram acompanhados durante quatro meses, sendo as mensagens previamente submetidas à validação de conteúdo por experts e enviadas quinzenalmente. As mensurações das variáveis ocorreram em dois momentos (T0-linha de base, T1-quatro meses), mediante utilização dos seguintes instrumentos: a) Formulário de caracterização sociodemográfica e clínica para pessoas com HIV/aids; b) Questionário para avaliação da adesão ao tratamento antirretroviral (CEAT-VIH) e c) Instrumento do perfil de estilo de vida individual. A satisfação em relação à intervenção foi medida pela Escala de Satisfação para Manejo da Doença Automatizado por Telefone. Os dados foram compilados e analisados no software SPSS® versão 23.0. A homogeneidade na distribuição das variáveis entre os grupos foi medida pelo teste de Fisher para as variáveis categóricas e o teste de Kruskal-Wallis no caso das variáveis contínuas. Empregou-se a técnica Modelos Lineares Generalizados para dados em medidas repetidas com o intuito de avaliar os efeitos da intervenção educativa sobre a adesão antirretroviral e o estilo de vida. A significância estatística foi assumida quando o valor de p foi <0,10 (10%), com cálculo do intervalo de confiança 90%. Na linha de base, houve predominância da faixa etária de 30 a 49 anos, do sexo masculino, estado civil solteiro, renda ≤2 salários mínimos, situação ocupacional ativa e escolaridade ≤12 anos. O tempo médio de conhecimento do diagnóstico foi de 2,9 anos (±0,6), com predominância do tempo ≤3 anos, sendo que a maioria apresentava carga viral indetectável e contagem de linfócitos CD4+ ≥350 células/mm3. Em ambos os grupos prevaleceu a adesão antirretroviral adequada e estilo de vida inadequado, sendo identificada homogeneidade em relação à maior parte das características sociodemográficas, clínicas, bem como das relativas à adesão à TARV e ao estilo de vida. No momento T1, houve diferença estatisticamente significante na proporção de pessoas com adesão adequada no grupo intervenção (p=0,069), bem como na proporção de participantes sem efeitos adversos associados aos antirretrovirais (p=0,066). Apesar da ausência de efeitos significativos sobre o estilo de vida, observou-se que após quatro meses em ambos os grupos houve um aumento na proporção de pessoas que praticavam atividade física (p=0,031) e uma diminuição no número de pessoas que consumiam bebidas alcoólicas (p=0,013). Evidenciou-se boa aceitação e satisfação em relação ao acompanhamento, com fortalecimento do vínculo e comunicação instantânea com o paciente. Comprovou-se a tese de que “O uso de uma intervenção educativa por telefone é capaz de melhorar a adesão ao tratamento antirretroviral, porém não traz impactos sobre o estilo de vida”.(AU)