Efetividade da cartilha "Cirurgia bariátrica: cuidados para uma vida saudável" no preparo pré- operatório: ensaio clínico randomizado pragmático

Publication year: 2018

Introdução:

O preparo pré-operatório da cirurgia bariátrica envolve a educação do paciente em que o candidato tem a oportunidade de esclarecer dúvidas em relação ao procedimento e compreender os cuidados necessários no perioperatório. O uso de tecnologias educacionais, em destaque para cartilhas, como ferramentas de auxílio nesse processo é importante para a promoção da saúde.

Objetivo:

avaliar a efetividade de intervenção educativa mediada pela cartilha “Cirurgia bariátrica: cuidados para uma vida saudável” no preparo pré-operatório.

Método:

trata-se de ensaio clínico randomizado controlado desenvolvido no período de maio a julho de 2017 em instituição referência na realização de cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde. A amostra foi constituída, inicialmente, por 66 pacientes em lista de espera para a cirurgia, os quais foram distribuídos igualmente de forma aleatorizada no Grupo Controle (GC – n=33) e Grupo Intervenção (GI – n=33), com seguimento de sete semanas. O GC recebeu somente os cuidados de rotina da instituição e o GI participou de intervenção educativa mediada pela cartilha. No momento baseline (M0), foram aplicados instrumentos para caracterização clínica-epidemiológica; autoconceito pelo Inventário Clínico de Autoconceito; níveis de ansiedade e depressão pelo Hospital Anxiety Depression Scale e Inventário de Ansiedade Traço-Estado; qualidade de vida pelo WHOQOL-bref (avaliação geral) e questionário de Moorehead-Oria II (específico para cirurgia bariátrica); e avaliação do conhecimento e atitude sobre cirurgia bariátrica e os cuidados no perioperatório, os quais foram reaplicados com sete semanas (M2). Na análise estatística, foi aplicado testes não-paramétricos como Mann-Whitney e Wilcoxon para comparar a variabilidade em cada grupo e também entre os grupos das médias dos escores das escalas (α<5%).

Resultados:

A variação entre as medianas do peso inicial e final foi de Δ=+4,3kg no GC (p=0,211) e Δ=-1,8kg no GI (p=0,000) e do Índice de Massa Corporal, durante os momentos M0-M2, foi de 48,7 vs. 48,9 kg/m2 no GC (p=0,227) e 49,5 vs. 49 kg/m2 no GI, p=0,000. No M2, as medianas dos escores entre GI e GC foi de 40 vs. 33,5, p=0,000 para ansiedade-estado e 44 vs. 41, p=0,001 para ansiedade-traço. A mediana do escore da HADS-A variou de 7 para 5 pontos (p=0,000) e da HADS-D foi 6 para 4 pontos (p=0,001), demonstrando melhora da ansiedade e depressão entre GI. Houve melhora no autoconceito do GI (M2: 80,68±11,37; M1: 72,3±14,28) quando comparados ao GC (M2: 69,61±12,7; M1: 72,47±12,43), p=0,003. Na avaliação do WHOQOL-bref, a média dos escores entre GC e GI no M0 foi de 11,65 ±2,52 vs. 11,42±2,21 (p=0,929). No M2, a média no GC foi 11,22±2,3 e no GI 13,43±1,87, p=0,000. Com relação ao conhecimento, a média de acertos do GI evoluiu de 21,07 (±5,82) para 31,1 (±2,96). O GC não apresentou significância estatística (p=0,433) na comparação M0-M2.

Conclusão:

a cartilha pode ser considerada como uma tecnologia que permite a obtenção de informações sobre saúde de forma inovadora e confiável entre pacientes do programa de obesidade atendidos no SUS, garantindo ao paciente obeso, a integralidade do cuidado por intermédio de intervenção educativa alinhada aos princípios da promoção da saúde como autonomia e autocuidado. (AU)