A violência obstétrica expressa no contexto das enfermeiras de uma maternidade pública do município do Rio de Janeiro
Publication year: 2017
Esta pesquisa versa sobre a temática da violência obstétrica na perspectiva de enfermeiras de uma maternidade pública do município do Rio de Janeiro.
Objetivo geral:
analisar a percepção das enfermeiras que atuam em maternidade sobre a violência obstétrica.Objetivos específicos:
identificar a percepção das enfermeiras que atuam em maternidade acerca da violência obstétrica; caracterizar a violência obstétrica na concepção destas enfermeiras; e discutir os fatores influentes na ocorrência da violência obstétrica na perspectiva das enfermeiras.Metodologia:
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, qualitativo. As participantes foram 31 enfermeiras; e o campo estudado, uma maternidade pública situada no município do Rio de Janeiro. A coleta de dados ocorreu entre maio a julho de 2016, a partir de entrevista semiestruturada. Foi empregada a técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os princípios éticos da Resolução nº 466/12 foram respeitados.Os resultados apontaram a construção da categoria:
Expressões da violência obstétrica na perspectiva das enfermeiras de maternidade, relacionada às definições e características da violência obstétrica e seus fatores influentes. As enfermeiras compreendem a violência obstétrica como aquela cometida contra mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal, que ocorre tanto em ambiente institucional de saúde como em ambiente doméstico/intrafamiliar e social. As enfermeiras possuem uma visão ampliada sobre o conceito de violência obstétrica, porém algumas não conseguiram identificar a violência obstétrica nos serviços de saúde para além do momento do parto, sendo este o mais presente nas falas das profissionais. A mulher em situação de abortamento teve pouca visibilidade. A maioria das participantes apresentou uma atualização quanto aos conhecimentos técnico-científicos recomendados e não recomendados durante a assistência obstétrica, pautando seus discursos nos princípios dos programas e das políticas de humanização. No que diz respeito aos fatores influentes na ocorrência da violência obstétrica, foram mencionados os relacionados aos profissionais/instituições de saúde e também às mulheres. Os fatores influentes relativos aos profissionais/instituições encontram-se diretamente relacionados aos aspectos do modelo de assistência obstétrica biomédico. Os relacionados às mulheres englobavam os aspectos socioculturais, ressaltando os contextos de estigma social de maior vulnerabilidade para a ocorrência da violência obstétrica nos espaços de saúde. Quanto às ações de enfrentamento da violência obstétrica no âmbito doméstico/intrafamiliar e social, é importante a capacitação e um olhar diferenciado do profissional de saúde a fim de identificar possíveis situações de violência e atuar na formulação de estratégias de assistência para estas mulheres, prevenindo agravos na saúde materno-fetal. Em relação à violência obstétrica, nos serviços de saúde, para além das políticas públicas de enfrentamento da violência, destacam-se a implementação e fiscalização dos direitos reprodutivos na atenção obstétrica humanizada, a promoção da qualificação e formação profissional, em especial das enfermeiras, considerando as questões de gênero e a transformação do modelo de assistência obstétrica tradicional, o estímulo à gestão coparticipativa e a adequação em relação aos recursos institucionais (humanos e materiais), bem como o incentivo de pesquisas nesta área. Para a efetivação destas, é importante o engajamento dos profissionais de saúde, gestores, instituições, órgãos governamentais, organizações internacionais, profissionais da educação, sociedade civil e das mulheres.
This research regards the issue of obstetric violence in the perspective of nurses from a public maternity hospital in Rio de Janeiro city, Brazil.