O consumo de bebida alcoólica durante a gestação na perspectiva de Afaf Meleis: contribuição para a enfermagem

Publication year: 2017

Atualmente, é crescente o número de gestantes que ingerem bebida alcoólica, todavia a Organização Mundial de Saúde recomenda abstinência do uso de álcool durante a gestação.

Objeto de estudo:

atuação da enfermeira com mulheres que fizeram uso de bebida alcoólica durante gestação.

Objetivo geral:

discutir a atuação da enfermeira na prevenção do consumo de bebida alcoólica durante a gestação.

Método:

Pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória utilizou o método Narrativa de Vida. Os dados foram coletados em cinco Centros de Atenção Psicossocial álcool e drogas (CAPSad) no município do Rio de Janeiro com entrevista aberta e questão norteadora: “Fale-me a respeito de sua vida que tenha relação com uso de bebida alcoólica durante gestação e as orientações recebidas no Pré-Natal”. Em quatro Centros Municipais de Saúde (CMS), nos quais foram entrevistadas quatro enfermeiras atuantes no pré-natal e teve como questão norteadora: “Fale-me a respeito de sua atuação com gestantes que ingerem bebida alcoólica”. As entrevistas realizadas entre fevereiro e maio de 2016, mediante aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Critérios de inclusão das mulheres:

maiores de 18 anos, terem feito uso de bebida alcoólica durante gestação, estar em tratamento no CAPSad.

E das enfermeiras:

realizar consultas de pré-natal. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa, sob nº 1.205.233. Todas as entrevistas foram transcritas, na íntegra. Após transcrições, retranscrições, releituras e recodificações foram agrupadas, sintetizadas e deram origem às categorias empíricas e, posteriormente, originaram as categorias analíticas que foram analisadas comparativamente, por análise temática.

Resultados:

emergiram das narrativas a categoria Vulnerabilidade Feminina e duas subcategorias: o consumo de álcool por mulheres durante a gestação; e atuação de enfermeiras no pré-natal na prevenção do consumo de bebida alcoólica. As narrativas foram analisadas sob a ótica do referencial teórico de vulnerabilidade e teoria da transição. Todas as unidades temáticas do estudo evidenciaram falta de informação sobre os malefícios que o álcool pode acarretar à gestante e ao feto. As mulheres omitem o consumo de álcool nas consultas de pré-natal. Receiam as críticas dos profissionais. Têm medo de matar o bebê por causa desse consumo, mas continuam bebendo. Suspeitam que o tipo e a quantidade da bebida interferem na formação fetal. As enfermeiras não conseguem captar as gestantes que fazem uso dessa substância. Aceitam que beber socialmente não acarreta prejuízos à gestante e ao feto. O conceito de vulnerabilidade possibilitou a compreensão das vulnerabilidades vivenciadas por gestantes que consumiram bebida alcoólica e das enfermeiras, nas dimensões: social, individual e programática. A teoria de transição destaca que a atuação da enfermeira deve proporcionar conhecimento e capacitação a quem vivencia o problema, promovendo transições saudáveis, baseado nas experiências únicas dos indivíduos.

Conclusão:

este estudo permitiu compreender a experiência vivenciada de mulheres que fizeram uso abusivo de álcool durante a gestação e que estavam em tratamento nos CAPSad. Evidenciou, também, como a Enfermagem vem atuando na prevenção dessa substância durante consultas de pré-natal. A análise das narrativas mostrou que o uso abusivo de álcool é um processo complexo, que envolve fatores psicológicos, culturais, sociais e organizacionais.
Nowadays a growing number of pregnant women made use of alcohol however the World Health Organization (WHO) recommends alcohol withdrawal during pregnancy period.

Study object:

practice of the nurse with women who made use of alcohol during pregnancy period.

General objective:

to discuss practice of the nurse in the prevention of the consumption of alcohol during pregnancy period.

Method:

Qualitative research, descriptive, exploratory with use of the Life Story method. Data were collected in five Psychosocial Atencion Center alchol and drugs (CAPSad) in Rio de Janeiro county with open interview and orienting question: “Tell me about your life about alcohol during pregnancy period and the orientations received by women during prenatal period”. In addition, in four Health Municipal Centers (CMS), in which four nurses were interviewed acting on prenatal period, with orienting question: “Tell me about your practice with pregnant who intake alcohol”. Interviews carried out between February and May of 2016, by acceptance and signed Consent Form (TCLE).

Inclusion criteria of women:

over 18 years old, use of alcohol during pregnancy period, and who are in treatment in the CAPSad.

About nurses:

to realize prenatal nursing consultations. Project obtained approval in the Research Ethics Committee under No. 1.205.233. All interviews were transcribed in its entirety. After re-transcriptions, re-readings and re-codifications were grouped, summarized and gave rise to the analytical categories that were analyzed comparatively and through thematic analysis.

Results:

the category Feminine Vulnerability and two subcategories emerged from the narratives: the consumption of alcohol by women during pregnancy period and practice of nurses in the prevention of the consumption of alcohol. Narratives were analyzed from theoretical framework of vulnerability and theory of transition perspective. All thematic unities evidenced lack of information on hazards/damages caused by alcohol that could affect the pregnant woman and the fetus. Women omit the consumption in the prenatal consultations. They fear that the professionals would criticize them. They are afraid of killing the baby due to this consumption, but continue to drink. They suspect that the type and amount of alcohol interfere in the fetal development. Nurses do not know about the hazards of the alcohol use during pregnancy period. They fail to capture pregnant women that made use of this substance. They accept that social drinking does not result in damages to the pregnant woman and the fetus. The concept of vulnerability made possible to understand the vulnerabilities experienced by pregnant women who made use of alcohol, as well as nurses, involving social, individual and programmatic questions. The theory of transition points out that the practice of the nurse shall, providing healthy results to the transitions, leading to the recovery of well-being through the provision of care based on the only experiences of individuals.

Conclusion:

this study made possible to understand the lived experiences of women during pregnancy period who are being treated in the CAPSad for alcohol abuse. Evidenced how the Nursing have been practicing in the prevention of this substance during prenatal consultations. The narratives analysis showed that the alcohol abuse is a complex process, which involves psychological, cultural, social and organizational factors.