Processo educativo desenvolvido por enfermeiros voltado para inclusão laboral de pessoas com estomia
Publication year: 2015
Estudo cujo objeto tratou do processo educativo desenvolvido por enfermeiros que atuam na reabilitação de pessoas com estomia, com vistas à inclusão laboral.
Os objetivos foram:
a) descrever a percepção dos enfermeiros sobre as ações educativas realizadas com as pessoas com estomia; b) identificar as ações educativas realizadas, objetivandoa inclusão laboral; c) analisar a sistematização adotada para o processo educativo; d) discutir as facilidades e dificuldades para o processo educativo; e) elaborar protocolo, enfatizando a inclusão laboral. O apoio teórico abordou a estomaterapia e os cuidados às pessoas com estomia; a inclusão social e no trabalho; a formação em enfermagem e o processo educativo como ferramenta para o cuidado. O referencial teórico-metodológico baseou-se no materialismo histórico-dialético. Pesquisa qualitativa e exploratória, de caráter interpretativo e crítico, apoiada na perspectiva dialética, realizada com 6 enfermeiros de um Programa de atenção às pessoas com estomia, e 40 pessoas com estomiaque participaram das consultas. O método de análise foi o histórico-dialético, do qual emergiu cinco categorias: a) percepções e idealizações dos enfermeiros sobre o processo educativo; b) contradição entre a perspectiva holística do cuidado e a prática do enfermeiro; c) complexidade do processo de educar: paradoxos entre a organização laboral, o processo de formação e o cotidiano do enfermeiro; d) o conhecimento dos enfermeiros e a possibilidade de formulação de sugestões; e e) sistematização da assistência de enfermagem e o processo educativo das pessoas com estomia. Os resultados revelaram que o processo educativo realizado pelos enfermeiros possui como foco orientações direcionadas à recuperação física dos clientes. Os aspectos psicossociais e de inclusão laboral quase não são abordados, e quando os são, ocorrem de forma incipiente.Alguns fatores contribuem para esta orientação direcionada à dimensão fisiológica:
formação do enfermeiro com influência do modelo biomédico e construção histórica dos centros de reabilitação pautada na assistência biologicista. Em contrapartida, esses enfermeiros possuíam experiência em estomaterapia e no atendimento à clientela, conhecendo suas necessidades e atendendo usuários com diversas características facilitadoraspara inclusão laboral. A abordagem em relação à inclusão no trabalho ocorreu somente aos clientes que indagavam sobre esta questão e com os mais jovens, representando importante lacuna no processo educativo. As estratégias educativas mais utilizadas estavam relacionadas à demonstração prática dos procedimentos a serem realizados com a estomia, e centradas no diálogo, que representa a base da pedagogia problematizadora, essencial para o processo educativo.As sugestões para facilitar as orientações direcionadas à inclusão laboral foram:
a capacitação dos enfermeiros na graduação e pós-graduação; elaboração de pesquisas e estudos que divulguem esta temática; criação de grupos de apoio aos clientes; e fornecimento de folders explicativos. Concluiu-se que as pessoas com estomia raramente são abordadas em relação à inclusão laboral, e que o processo educativo está centrado em um modelo biomédico, não privilegiando suas dimensões psicossociais. Há de se rever e reestruturar este processo educativo, no sentido de englobar orientações holísticas à clientela, favorecendo sua reabilitação e inclusão no trabalho, contribuindo para melhoria da qualidade de vida.
Study which object dealt with educative process developed by nurses working with ostomized people under rehabilitation aiming at work inclusion.