O trabalho em serviço de emergência e os riscos psicossociais: repercussões para a saúde mental do enfermeiro
Publication year: 2016
Estudo que possui como objeto os “riscos psicossociais em serviço de emergência e as repercussões para a saúde mental do enfermeiro”.
Os objetivos são:
a) identificar os riscos psicossociais presentes em serviço de emergência na visão do enfermeiro; b) descrever as repercussões dos riscos psicossociais para a saúde mental do enfermeiro; c) analisar as estratégias de enfrentamento adotadas pelo enfermeiro em serviço de emergência frente aos riscos psicossociais. Optou-se pelo método qualitativo, descritivo e exploratório; o campo de pesquisa foi um hospital público situado no município do Rio de Janeiro.Participaram do estudo 22 enfermeiros que desenvolviam atividades assistenciais e gerencias na emergência a partir dos seguintes critérios de inclusão:
a) ter vínculo de trabalho estatutário e/ou celetista; b) estar exercendo atividades na emergência pelo menos há um ano; c) não estar afastado do trabalho devido a problemas de saúde, férias ou outros tipos de afastamentos. Em conformidade com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/12, o estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) através do nº 940.047 e CAAE 37922514.4.0000.5282. Na coleta de dados, adotou-se a técnica de entrevista semiestruturada mediante roteiro, cujos depoimentos foram gravados em meio digital. Na caracterização dos participantes, utilizou-se um questionário estruturado. Aplicada a análise de conteúdo aos depoimentos identificaram-se os seguintes riscos psicossociais: a) a superlotação do serviço devido ao controle ineficaz do fluxo de pacientes; b) a insuficiência de recursos humanos e materiais; c) a imprevisibilidade do quadro clínico dos pacientes; d) as condições inadequadas de trabalho com necessidade de improviso e ausência de manutenção dos equipamentos. Acrescenta-se a violência física e psicológica por parte dos usuários insatisfeitos com o atendimento. Esses riscos acarretam desgaste com repercussões para a saúde mental dos profissionais, identificadas a partir de queixas como nervosismo, estresse, irritação e somatização; a partir disso, evidencia-se a nocividade do trabalho. Frente aos riscos psicossociais, os enfermeiros elaboram mecanismos de enfrentamento ou estratégias de coping dentro e fora do trabalho, as quais são um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais elaborados com o objetivo de dominar, tolerar ou reduzir o estresse no trabalho mediante a regulação da emoção e/ou da solução dos problemas. Apesar de os trabalhadores elaborarem estratégias com o intuito de minimizar o estresse e permanecer no trabalho, a saúde mental do grupo encontra-se afetada e, caso nenhuma medida seja adotada pela organização e/ou o próprio trabalhador, há possibilidade de encargos individuais e organizacionais com consequente queda da qualidade do serviço e adoecimento dos trabalhadores. Conclui-se que há necessidade de intervenção nesse contexto de trabalho por parte da organização juntamente com Serviço de Saúde do Trabalhador e com profissionais, a fim de prevenir, controlar e enfrentar os riscos psicossociais apontados, cujas ações poderão resultar em bem-estar dos trabalhadores e em qualidade do serviço ofertado à população.
The object of this study is the psychosocial risks of working in emergency services and the repercussions on the mental health of the nurses.