Representações Sociais de Profissionais de Saúde sobre HIV/Aids: uma comparação entre homens e mulheres
Publication year: 2015
Este estudo objetiva comparar os conteúdos e estruturas das representações sociais do HIV/aids entre profissionais de saúde dos sexos masculino e feminino, atuantes em unidades de saúde localizadas no Rio de Janeiro e Niterói. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, apoiado na Teoria de Representações Sociais, a partir da abordagem estrutural. Participaram do estudo 214 profissionais de saúde, que atuavam em unidades de SAE e CTA participantes do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói. Foi aplicado um questionário de caracterização dos participantes e outro contendo a coleta de evocações livres ao termo indutor “HIV/aids”. Os dados foram analisados pelo software SPSS e EVOC 2005 com a construção do quadro de quatro casas. Na análise do grupo geral foram definidos no possível núcleo central da representação, os elementos preconceito, medo, prevenção e cuidado. Os termos preconceito e medo sugerem a manutenção de significados negativos enquanto elementos de permanência e memórias dos profissionais de saúde sobre o HIV/aids, desde a formação original de sua representação. Em contrapartida, os elementos cuidado e prevenção, caracterizam a valorização atribuída pelos profissionais às práticas preventivas necessárias ao enfrentamento da doença e do vírus, bem como refletem as práticas de cuidado implicadas na 1ª periferia pelas evocações tratamento, adesão-tratamento e medicamento. A 2ª periferia é composta por cognições positivas como esperança, renascimento, ajuda, camisinha e saúde e elementos neutros como sexualidade e exames. Na zona de contraste, os elementos negativos morte, sofrimento, doença e tristeza apontam a ancoragem na memória do grupo e reforçam a centralidade do preconceito. Em relação à comparação por sexo, observa-se no possível núcleo central do sexo masculino, o enfrentamento da doença, entendido a partir das estratégias de diagnóstico, de prevenção e cuidado. No sexo feminino, os termos medo e morte reafirmam a representação original e o surgimento da doença, destacando que a palavra morte encontra-se presente somente no núcleo central desse grupo. Destaca-se as principais diferenças encontradas em relação aos dois grupos estudados, que no sexo feminino encontra-se elementos dos primórdios da aids e das memórias e no grupo do sexo masculino percebe-se uma ancoragem no conhecimento científico associado à doença atual. Conclui-se que existem diferenças nas representações sociais do HIV/aids entre os sexos, apontando para um processo de mudança, com o deslocamento da morte e a inclusão da cronicidade na representação. Estes resultados poderão possibilitar aos profissionais de saúde e aos enfermeiros a compreensão dos sentidos atribuídos ao HIV/aids e suas implicações para as práticas de cuidados.
This study aims to compare the social representations contents and structures of of HIV/aids between male and female healthcare professionals, working in health units located in Rio de Janeiro state. This is an exploratory-descriptive study with a qualitative approach, supported by the social representations theory, from structural approach. The study included 214 health professionals, who worked in specialized care service (SAE) and center for testing and counseling (CTA) units, integrates STD, Aids and Viral Hepatitis departments in the cities of Rio de Janeiro and Niteroi. It was applied questionnaires for participant characterization and another to collect free evocation of the inductive term "HIV/aids". Data were analyzed by SPSS and EVOC 2005 software with the construction of the four-frame houses. In the overall group analysis were defined in the possible core of representation, the elements prejudice, fear, prevention and care. The terms prejudice and fear indicate negative meanings maintenance as permanence elements and health professional memories about HIV/aids since the original representation of the virus and the syndrome. In contrast, the elements care and prevention characterize the value attributed by professional to the preventive practices needed to face the disease and the virus, as well as reflect the care practices involved in the 1st periphery by the evocations treatment, follow-on treatment and medicine. The 2nd periphery consists of positive cognitions as hope, rebirth, help, condoms and health, and neutral elements like sexuality and exams. In the contrast zone, negative elements anchored in the memory like death, suffering, disease and sadness reinforce the centrality of prejudgment. Regarding the gender comparison, there is the male possible core, the facing of the disease understood from the diagnostic, prevention and care strategies. In females the terms fear and death reaffirm the original representation and the emergence of the disease, noting that the word death is present only in the core of this group. We highlight the main differences in the two groups, which in women there is evidence of the beginnings of aids and memories, and the male group perceives an anchorage on scientific knowledge associated with the current disease. We conclude that there are differences in social representations between the genders, showed the process of change in the social representation of HIV/aids, with the displacement of the term death of centrality and the inclusion of chronicity in the same representation. These results make it possible for health professionals and nurses understanding the meanings attributed to HIV/aids and care practices.