Publication year: 2018
O câncer é um problema de saúde pública mundial. Mesmo diante dos avanços científicos e tecnológicos ocorridos, o câncer de mama ainda é uma patologia de grande incidência entre as mulheres. No Brasil, em muitos casos, esta doença vem sendo diagnosticada em estadiamentos avançados, causando um relevante impacto social e qualidade de vida dessas mulheres. Assim, apresentou-se a seguinte hipótese: o estadiamento do câncer interfere na qualidade de vida de mulheres com câncer de mama localmente avançado ou metastático.
Foi objetivo geral da pesquisa:
Discutir a associação entre o nível de qualidade de vida e o estadiamento do câncer em mulheres com câncer de mama localmente avançado ou metastático hospitalizadas. Foram objetivos específicos:
Caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico-patológico; identificar os principais domínios da qualidade de vida afetados e avaliar o nível de qualidade de vida de mulheres com câncer de mama localmente avançado ou metastático hospitalizadas e analisar a associação com o estadiamento do câncer e suas implicações para o gerenciamento em enfermagem e saúde. Trata-se de um estudo observacional, transversal e descritivo, realizado na Unidade de Internação Clínica, em um Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia, localizado no município do Rio de Janeiro, Brasil. Os dados foram coletados no período entre março e julho de 2017. Foram entrevistadas 199 mulheres com câncer de mama localmente avançado ou metastático. A coleta de dados ocorreu mediante consulta aos prontuários guiada por um formulário que contêm variáveis relacionadas aos perfis sociodemográfico e clínico-patológico, bem como por meio de entrevistas, aplicou-se o questionário European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnarie Core 30 (EORTC QLQ-C30). A análise estatística descritiva foi realizada com o auxílio do programa Statistical Package for the Social Sciences Program (SPSS), versão 24, realizando análises univariadas e bivariadas. Testes estatísticos específicos foram empregados para verificar a significância dos resultados observados. A análise sociodemográfica indicou que a idade das mulheres variou entre 28 e 90 anos, com predominância da faixa etária entre 40 e 69 (76,88%), raça parda (37,69%), religião evangélica (48,74%), e mulheres que vivem com companheiro (53,27%). Merece destaque que 90,96% vivem com até dois salários mínimos (renda per capita), e que 40,2% das mulheres possuem apenas o 1° grau incompleto. Quanto ao aspecto clínico-patológico, verificou-se predominância do carcinoma ductal infiltrante (81,41%). No momento da admissão na instituição, 53,77% estavam com estadiamento III, enquanto atualmente 72,9% das participantes estão com estadiamento IV. A maioria das mulheres (71,86%) encontra-se com PS 3 e PS 4. Em relação a qualidade de vida, verificou-se que o status de saúde global apresentou a média de 32,04. As escalas funcionais que apresentaram maior e menor média foram, respectivamente, funcionamento cognitivo (60,47) e desempenho pessoal (12,48). Já nas escalas sintomáticas, fadiga apresentou a maior média (69,57) e diarreia a menor (8,21). Ao se comparar os resultados de qualidade de vida entre as fases de estadiamento II, III e IV, é possível identificar que o status de saúde global, bem
como as escalas funcionais (exceto social) apresentam diferenças estatisticamente significantes reduzindo seus escores à medida que o estadiamento da doença avança. Com base nesse estudo, pode-se observar uma predominância do estadiamento atual IV nas mulheres. Ao analisar os resultados com base no estadiamento, é possível concluir que o estadiamento do câncer interfere na qualidade de vida dessas mulheres. O conhecimento dos perfis sociodemográfico e clínico-patológico, bem como da qualidade de vida fornece subsídios para o planejamento e desenvolvimento de estratégias de ações em saúde específicas e para o desenvolvimento dos cuidados de enfermagem.(AU)