Publication year: 2018
O funcionamento ininterrupto do estabelecimento de saúde, em especial depois de ocorrido um desastre, marca a diferença entre a vida e a morte, ensejando que as estruturas física, operacional e funcional, além dos equipamentos da unidade assistencial, mostrem-se resistentes aos efeitos dos desastres. Nesse contexto, destaca-se como um importante instrumento de avaliação e de gestão de risco de desastres o Indice de Seguridad Hospitalaria (ISH), proposto pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em 2008, originalmente em idioma espanhol. No Brasil, apesar de os desastres, principalmente os de causas naturais, estarem ocorrendo com maior frequência nos últimos anos, ainda não há, no cenário nacional, a versão do citado instrumento de avaliação traduzida e adaptada culturalmente, de maneira que não há como mensurar, efetivamente, o preparo de unidades de saúde brasileiras para se manterem funcionando na vigência de um desastre.
Objetivos:
traduzir para o idioma português do Brasil o instrumento de análise do Indice de Seguridad Hospitalaria, e realizar a aproximação cultural desse instrumento para o contexto brasileiro. Método:
estudo metodológico desenvolvido através das etapas de tradução, síntese da tradução, retro tradução e análise de compreensão por comitê de especialistas, compondo, ao final do processo, a versão traduzida consensual do ISH. Os aspectos éticos da pesquisa foram atendidos, respeitando a Resolução nº 466/2012. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery, sob o 69438217.5.0000.5238, em 11 de julho de 2017. Resultados:
seguindo as etapas metodológicas, o estudo apresenta o Indice de Seguridad Hospitalaria traduzido para o idioma português do Brasil e adaptado culturalmente para aplicação nos estabelecimentos de saúde brasileiros. A análise dos itens avaliados no ISH permite estabelecer a proporção entre eles, revelando que 9% do formulário referem-se a questões relativas à parte estrutural, 49% das questões são referentes à parte não estrutural e 42% do formulário avaliam aspectos ligados à área funcional. Tais proporções reafirmam a importante característica do ISH como instrumento com uma proposta dinâmica, integrada e interdisciplinar de avaliação, onde questões ligadas à funcionalidade e linhas vitais do hospital perfazem 91% das vulnerabilidades consideradas. Conclusão:
o processo de tradução e análise de equivalências é o passo inicial para possibilitar a disponibilização de um instrumento que
9
avalie, de maneira sistemática e confiável no Brasil, o preparo dos hospitais para se manterem em adequado funcionamento na vigência de desastres. O estudo, além de considerar os aspectos metodológicos pertinentes para a tradução e adaptação cultural do ISH para o contexto brasileiro, reconhece as limitações do ISH e a necessidade das reflexões e debates acerca da multidimensionalidade dos desastres, revelando aspectos relacionados à importância da interdisciplinaridade para a gestão de riscos neste cenário, onde diversos profissionais são indispensáveis, integram-se e interagem com o propósito de planejar ações e salvar vidas, destacando-se, neste tocante, a enfermagem por sua visão abrangente, sensível e diferenciada. Por fim, o estudo aborda o tema hospitais seguros proposto pela OPAS em uma análise contextualizada, considerando os enfoques humanos e sociais desencadeadores e resultantes dos desastres em sua ampla concepção.(AU)