Tratamento ambulatorial com metotrexato em altas doses: impacto das orientações prestadas pelo enfermeiro: uma experiência do serviço de pediatria do Instituto Nacional de Câncer

Publication year: 2010

O osteossarcoma é o mais frequente tumor sólido de osso e o metotrexato está entre os primeiros agentes a mostrar eficácia no seu tratamento. O regime ambulatorial de metotrexato em altas doses (HDMTX) tem como vantagens a redução de atrasos por falta de vagas para internação, redução de custos com o tratamento e permite que os pacientes e suas famílias tenham uma rotina mais próxima do cotidiano; entretanto, exige um grande número de cuidados a serem realizados em domicílio, com um significativos risco de toxicidades caso não haja a adequada implementação dessa prática.

Objetivo:

descrever as orientações de enfermagem para o autocuidado em domicílio, em pacientes pediátricos submetidos ao tratamento ambulatorial de metotrexato em altas doses, no Tratamento ambulatorial com metotrexato em altas doses: impacto das orientações prestadas pelo enfermeiro: uma experiência do serviço de pediatria do Instituto Nacional de Câncer, sob a ótica do perfil da clientela, toxicidades e falhas na implementação do tratamento.

Métodos:

estudo retrospectivo e decritivo realizado no Tratamento ambulatorial com metotrexato em altas doses: impacto das orientações prestadas pelo enfermeiro: uma experiência do serviço de pediatria do Instituto Nacional de Câncer com 27 crianças/adolescentes, incluídos no "Protocolo do Grupo Cooperativo Brasileiro de Tratamento de Osteossarcoma (GBTO 2006): para pacientes metásticos e não metásticos"; no período de junho de 2008 a setembro de 2010.

Resultados:

Foram incluídos 26 pacientes, com um total de 212 ciclos de metotrexato em altas doses, maioria do sexo masculino (59,3%), com uma média de idade de 14 anos, e predomínio do primeiro grau incompleto (81,5%), como escolaridade. Foi percebido um maior percentual de indivíduos na faixa normal do nível sérico do metotrexato para cada um dos horários, no regime ambulatorial. Além disso, o número de toxicidades grau III e IV foi maior no regime de internação (23%) do que no ambulatorial (17%). No contexto e complexidade das ações a serem desenvolvidas em domicílio e que permitem a infusão do metotrexato em altas doses em regime ambulatorial, se enfatiza a função do enfermeiro como educador.

Seguimentos das orientações de enfermagem:

ingesta hídrica, verificação do pH urinário, verificação do volume urinário, manipulação segura da urina, administração das cápsulas de bicarbonato de sódio, administração dos comprimidos de ácido folínico e orientações gerais. No total, 16 crianças e adolescentes foram submetidas ao regime ambulatorial de metotrexato em altas doses no INCA, no período de coleta de dados desse estudo, correspondendo a 109 infusões ambulatoriais. Quanto ao sexo, a maioria era do sexo masculino (56,3%), com idade variando entre 6 a 16 anos e 1º grau incompleto (75%) como escolaridade. A maioria (62,5%) mostrou-se capaz de reproduzir as orientações fornecidas pelo enfermeiro durante as consultas de enfermagem. Dos que apresentaram dificuldades, a mais citada foi a ingesta hídrica, que deve ser de 3000ml/m²/24h. Em todos os casos, a mãe foi a principal cuidadora, com idade variando entre 29 a 48 anos tendo como escolaridade, primeiro grau incompleto (62,5%). Em 37,5% dos casos, as cuidadoras contaram com o apoio da rede familiar para dividir parte das ações de controle em domicílio.

Conclusão:

Com uma rotina bem estruturada pautada em orientações de enfermagem para o autocuidado, tem sido possível administrar o HDMTX ambulatorial com segurança, diminuir os custos gerados pela internação hospitalar para o controle e oferecer uma rotina diária mais próxima da normalidade para as crianças/adolescentes portadores de osteossarcoma e seus familiares.