Amamentação cruzada: contribuição para enfermagem e saúde no campo da bioética
Publication year: 2017
O leite materno é o melhor alimento para a criança, porém, existem situações que contraindicam permanentemente a prática da amamentação, como mães portadoras do vírus HIV (Vírus da imunodeficiência humana). No Brasil, o Ministério da Saúde, através da Portaria nº 2.415/1996, orienta a não prática da amamentação cruzada.
Objeto do estudo:
os saberes e práticas dos enfermeiros frente à amamentação cruzada.Os objetivos são:
compreender os saberes e práticas do enfermeiro frente à amamentação cruzada na perspectiva bioética; Identificar qual a conduta assistencial do enfermeiro frente à amamentação cruzada e correlacionar os saberes e práticas dos enfermeiros à luz da bioética.Metodologia:
Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa do tipo descritivo com base metodológica de análise do discurso, tendo como cenário o município de Duque de Caxias. Participaram do estudo seis enfermeiras atuantes da Estratégia de saúde da família por meio de um grupo focal no mês de maio. Os dados foram analisados à luz da Análise do Discurso e interpretados com base na Concepção freireana da educação em saúde, pautada na autonomia do processo de aprendizagem e aspectos bioéticos com destaque para a teoria do desenvolvimento moral.Resultados:
A análise do discurso dos participantes do estudo levou a três temas geradores: Polifonia: o discurso heterogêneo do enfermeiro; Silenciamento dos enfermeiros sobre os motivos da não recomendação da amamentação cruzada e (Des)implicação do enfermeiro na autonomia da lactante referente à amamentação cruzada. O discurso dos enfermeiros são heterogêneos, pois as vozes dos outros se misturam à voz do sujeito explícito da enunciação. Além disso, ocorre um silenciamento dos enfermeiros sobre os motivos da não recomendação da amamentação cruzada que pode ser identificado pela postura que o profissional se comporta perante a nutriz. Afirmam que fornece todas as informações, mas não há abertura para o diálogo. Utilizam-se de um discurso de culpabilização da nutriz por qualquer dano à saúde da criança, mas não se utilizam de técnicas do aconselhamento para promover uma escolha autônoma. E com isso, se (des)implicam com o pressuposto de que a função do enfermeiro é somente (proibir ou informar) e a função da nutriz é acatar as prescrições/normatizações. Este estudo aponta para discussões de conflitos e dilemas éticos sobre amamentação cruzada articulados aos estágios de desenvolvimento moral de Kohlberg na perspectiva da autonomia da nutriz e do direito da criança à amamentação. Conclui-se que a atuação dos enfermeiros para agir frente aos conflitos e dilemas morais da amamentação cruzada requer atualização e reflexão no campo da bioética para intervir com competência técnica e respeito à autonomia da mulher e proteção à díade mãe-bebê. Os enfermeiros necessitam repensar sua conduta, estabelecendo um diálogo alicerçado em uma postura ética que não reproduza a norma, mas privilegie conhecimentos e atitudes que permitam à mulher realizar escolhas apropriadas ao seu modo de viver.
Breastmilk is considered the best food for the child, but there are situations that permanently contraindicate the practice of breastfeeding, as mothers carrying the HIV virus (human immunodeficiency virus). In Brazil, the Ministry of Health, through its Ordinance No. 2415/1996, guides the non-practice of cross-breastfeeding.