Qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV/aids em uma perspectiva temporal no município do Rio de Janeiro
Publication year: 2018
O presente estudo teve como objetivo geral analisar as representações sociais da qualidade de vida entre pessoas que vivem com HIV/Aids em uma perspectiva temporal. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Foi adotado como referencial teórico-metodológico a Teoria de Representações Sociais. Os sujeitos do estudo foram 34 pessoas que vivem com HIV/aids em tratamento nos serviços de atendimento especializado localizados nos bairros do Catete, Copacabana e Tijuca. A coleta de dados se deu através da aplicação de um questionário de caracterização socioeconômica e clínica e de entrevistas semiestruturadas, durante o período de abril a julho de 2016, realizada em dois momentos distintos. A análise dos dados socioeconômicos e clínicos foi realizada com o auxílio do software SPSS 20.0 e a análise das representações sociais foi apoiada pelo software IRAMUTEQ. O grupo estudado caracterizou-se, majoritariamente, pelo sexo masculino (82,4%), com uma média de idade de 29 a 39 anos (38,2%), escolaridade com ensino superior completo ou pós-graduação (47,1%), empregados (82,4%), com renda pessoal acima de 2.602,00 reais (44,1%), com tempo de diagnóstico dos seis aos 17 anos e 11 meses (35,3%), com tempo de uso de terapia antirretroviral até cinco anos e onze meses (43,3%). Os resultados da análise da qualidade de vida em diferentes momentos temporais demonstraram a existência de particularidades sobre a representação social da qualidade de vida em cada momento temporal. A percepção da qualidade de vida no passado demonstra uma memória negativa relacionada as dificuldades enfrentadas no momento da descoberta do HIV; o entendimento da qualidade de vida no presente se encontra associado aos hábitos de vida considerados como essenciais para uma vida melhor; já a percepção da qualidade de vida no futuro indica uma visão positiva sobre o futuro, relacionada a melhorias no tratamento ou mesmo a descoberta da cura da aids. Conclui-se que as representações sociais acerca da qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/aids foram construídas a partir das variadas percepções sobre o que seja qualidade de vida. Essas percepções estão relacionadas aos diversos aspectos relativos ao cotidiano de viver com o HIV/aids, onde o sujeito passa por um processo de ressignificação da vida a partir do tempo de convívio com o diagnóstico alterando, dessa forma, a sua representação do que seja qualidade de vida.
This piece of research aimed at analyzing social representations of life quality among people living with AIDS on a time perspective. It’s a descriptive study with qualitative approach. The Theory of Social Representations has been used as theoretical-methodological framework. This investigation included thirty-four subjects among people living with AIDS under treatment at specialized service centers located in Catete, Copacabana, and Tijuca, neighborhoods in Rio de Janeiro, RJ. Data collection was made on the basis of both a questionnaire for social, economic, and clinical assessment and semi structured interviews from April-July, 2016, conducted on two separate moments. Analysis of social, economic, and clinical data was carried on the basis of the SPSS 20.0 software and analysis of social representations was based on the IRAMUTEQ software. The group under analysis was characterized, primarily, as male (82.4%), with average age from 29 to 39 years (38.2%), holding either a college degree or going to graduate school (47.1%), holding a job (82.4%), with personal income over 2,602.00 reais a month (44.1%), with diagnosis time from six to seventeen years and eleven months (35.3%), on antiretroviral therapy for up to five years and eleven months (43.3%). Results of life quality at different time points showed particularities on social representations of life quality at each time moment. Perception of life quality in the past unveils a negative memory related to difficulties faced upon the revelation of the AIDS condition; understanding of life quality in the present is associated with life habits regarded as essential to a better living; however, perception of life quality in the future points to a positive stand about the future, related to improvements on the treatment or even to the discovery of the cure to AIDS. Conclusions show that social representations of life quality of those living with AIDS were constructed on the basis of a range of perceptions on what life quality is all about. Those perceptions are related to different aspects of a daily life with AIDS, when the subject undergoes a process allowing for ressignifying life, dating from diagnosis and therefore altering his or her representation of what life quality is all about.