Fatores contextuais associados ao hábito alimentar não saudável e o comportamento sedentário
Publication year: 2018
Há evidências crescentes de que o ambiente em que as pessoas vivem é um determinante
importante dos comportamentos obesogênicos. O objetivo deste estudo foi analisar a
associação entre o contexto da vizinhança e o comportamento sedentário e o hábito alimentar
não saudável da população adulta de Belo Horizonte, Minas Gerais. Trata-se de um estudo
transversal, usando dados do sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) realizado no período de 2008 a 2010, na cidade de
Belo Horizonte, Minas Gerais. O hábito alimentar não saudável foi avaliado a partir de um
escore de alimentação não saudável com base no consumo de carne com excesso de gordura,
refrigerante e carne vermelha e o não consumo de frutas e hortaliças. Foi considerado
comportamento sedentário o hábito de assistir televisão por quatro ou mais horas por dia.
Informações georreferenciadas do ambiente físico (locais públicos e privados para a prática de
atividade física, densidade de estabelecimentos com venda de alimentos, densidade
populacional, densidade residencial) e social (taxa de homicídio, renda média total e índice de
vulnerabilidade a saúde) das áreas de abrangência das unidades básicas de saúde (AAUBS)
foram inseridas na base do Vigitel. As variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e de
saúde foram utilizadas como ajuste. Para a análise dos dados, foram utilizadas a técnica de
varredura scan e a regressão logística multinível. Foram estudados 5.783 indivíduos,
distribuídos em 148 AAUBS. A análise espacial identificou cluster significativo de alta
prevalência de comportamento sedentário e hábito alimentar não saudável em Belo Horizonte,
mesmo após ajuste por características sociodemográficas. Ao comparar as AAUBS dos
clusters com as AAUBS não pertencentes aos clusters, observaram-se diferenças
significativas no ambiente físico e no social. Vericou-se que viver em AAUBS com alto
índice de vulnerabilidade à saúde e baixa renda aumentam a chance de apresentar hábito
alimentar não saudável. Em relação ao comportamento sedentário, observou-se que viver em
AAUBS com alta taxa de homicídio aumenta a chance de o indivíduo apresentar
comportamento sedentário. Essas associações permaneceram significativas após ajuste pelas
características individuais. As evidências encontradas neste estudo mostraram que o ambiente
social podem influenciar os indivíduos a se envolverem em comportamentos não saudáveis e
devem ser incorporados em futuras intervenções e estratégias de promoção da saúde e redução
da obesidade.(AU)
There are increasing evidences that the environment in which people live is an important
determinant of obesogenic behaviors. The aim of this study is to analyze contextual factors
associated with the unhealthy eating habits and sedentary behavior of the adult population of
Belo Horizonte, Minas Gerais. This is a cross-sectional study using data from the Surveillance
System for Risk Factors and Protection for Chronic Diseases by Telephone Inquiry (Vigitel)
conducted in the years 2008 to 2010, in the city of Belo Horizonte, Minas Gerais. The
unhealthy eating habits were evaluated from an unhealthy eating score based on the
consumption of meat with excess fat, soda and red meat, and, the non - consumption of fruits
and vegetables. Sedentary behavior was considered when the individual reported habit of
watching television four or more hours per day. Georeferenced information of physical
(public and private places for physical activity, density of food-retail establishments,
population density, and residential density) and social environment (homicide rate, total mean
income and health vulnerability index) of the covered area of the basic health units
(CABHUs) were inserted in the base Vigitel. Sociodemographic, lifestyle and health
variables were used as adjustment. For analysis of the data, the technique of scan scanning
and multilevel logistic regression were used. A total of 5,783 individuals were studied. The
spatial analysis identified a significant cluster of high prevalence of sedentary behavior and
unhealthy eating habits in Belo Horizonte, even after adjusting for sociodemographic
characteristics. When comparing the areas inside and outside the clusters, we observed
significant differences in the physical and social environment. It was observed that to live in
CABHUs with high health vulnerability index and low income increase the unhealthy eating
habits. Regarding sedentary behavior, it was verified that the high homicide rate increases the
chance of the individual presenting sedentary behavior. These associations remained
significant after adjustment for individual characteristics. The evidence found in this study
showed that the social environment may influence individuals to engage in unhealthy
behaviors and should be incorporated into future interventions and strategies for health
promotion and reduction of obesity.(AU)