Consumo de álcool e consequências à saúde: diferenças sociais no Brasil

Publication year: 2017

Antecedentes:

Evidências sugerem que o consumo de álcool e a vulnerabilidade a consequências decorrentes deste hábito variam nos grupos sociais, tais como os definidos por gênero, idade, raça e condição socioeconômica. O objetivo deste trabalho foi analisar o consumo de álcool e suas consequências à saúde e a sua relação com fatores sociodemográficos no Brasil.

Métodos:

Trata-se de estudo de delineamento transversal e de série temporal com o uso de dados secundários provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde, do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Sistema de Informações sobre Mortalidade e do Sistema de Vigilância de Acidentes e Violências. Analisou-se a relação dos desfechos uso recente de álcool e do uso episódico excessivo, segundo características sociodemográficas, bem como a tendência temporal dos dois desfechos. Analisou-se, ainda, a tendência temporal da mortalidade devida ao álcool e a relação do uso de álcool e fatores sociodemográficos com a gravidade de lesões por acidentes e violências.

Resultados:

No ano de 2013, a prevalência de uso recente de álcool foi 26,5% e a de uso episódico excessivo foi 13,7%. Em homens, a prevalência dos dois desfechos foi o dobro que em mulheres. Idade mais jovem e cor de pele preta e parda estiveram associadas a maior uso episódico excessivo de álcool em ambos os sexos. Houve crescimento do uso episódico excessivo de álcool em homens de 18 a 24 anos, e em mulheres nas faixas de 25 a 34, 55 e mais anos de idade e na cor de pele branca. Entre 2000 e 2013, quase 400 mil mortes com causa básica e/ou associada atribuíveis ao álcool foram registradas, sendo observada tendência crescente, especialmente entre pardos nas faixas etárias extremas: jovens e idosos. O álcool foi fator de risco para lesões mais graves e foi consumido por 13,5% dos homens e 5,5% da mulheres atendidos nos serviços de emergência.

Conclusão:

Homens, adultos jovens e aqueles com elevada...

Background:

According to evidences, alcohol consumption and vulnerability to alcohol-related consequences diverge in social groups, such as those defined by gender, age, race, and socioeconomic status. The aim of this study was to analyze alcohol consumption and alcohol-related health consequences and its relation with sociodemographic factors in Brazil.

Methods:

This is a cross-sectional and time-series study using secondary data from the National Health Survey (PNS), Risk and Protective Factors Surveillance System for Chronic Diseases by Telephone Survey (Vigitel), Mortality Information System (SIM) and Violence and Accidents Surveillance System (VIVA). We analyzed the relation between current alcohol use and binge dinking, according to sociodemographic characteristics, as well as the time-series of these outcomes. We also analyzed mortality due to alcohol trends and the relation among alcohol use, sociodemographic factors and injuries severity.

Results:

In 2013, the prevalence of current alcohol use was 26.5% and the prevalence of binge dinking was 13.7%. The prevalence of these two outcomes was twice as high in men as in women. Younger, black and brown skin color groups were associated with greater episodic excessive alcohol use in both sexes. There was an increase in binge drinking in men aged 18 to 24 years, and in women in the 25 to 34, 55 and older age groups and in the color of white skin. Between 2000 and 2013, almost 400,000 deaths attributable and/or associated to alcohol use were recorded. We found an increasing trend, especially among brown skin color and the extreme age groups: young and elderly. Alcohol was a risk factor for severe injuries and 13.5% of men and 5.5% of women attended in emergency services had consumed alcohol.

Conclusion:

Men, young adults and those with high schooling presented high alcohol use. However, elderly, those with low schooling and blacks suffer...