Publication year: 2017
A problemática do presente estudo debruça-se nos sentimentos, emoções, julgamentos e
valores que há nas Representações Sociais sobre o envelhecimento para adolescentes, e
como atuam as tecnologias de cuidado-educação na sensibilização destes sujeitos para o
tema. Portanto, tem-se como pressuposto que conhecer as RS dos adolescentes sobre
envelhecimento permite configurar um panorama de saberes que estes têm sobre a
temática em questão. Como essas estratégias sensibilizam o repensar das relações
intergeracionais, envelhecimento de si e do outro. Objetivou-se identificar as
representações sociais de adolescentes escolares sobre o envelhecimento, constituição e
elementos estruturadores; desvelar as relações de imagens, sentidos e práticas dos
adolescentes escolares em face de suas representações sobre o envelhecimento;
implementar uma tecnologia de processo de cuidado-educação junto aos adolescentes
sobre o envelhecimento e promover reflexões sobre o processo fisiológico do
envelhecimento, a cidadania e o cuidado ao idoso junto aos adolescentes. O campo de
estudo foi uma escola de ensino médio profissionalizante na cidade de Fortaleza/CE, com
adolescentes de 12 a 18 anos. Foi realizada observação participante assistemática, com o
fim de melhor introdução ao campo de estudo.
Houve duas fases distintas de produção de
dados:
TALP induzido por "envelhecimento" com 385 adolescentes e os momentos de
tecnologia cuidado-educação com 58 alunos. Realizada a caracterização
sociodemográfica dos adolescentes em todas as fases. Aconteceram quatro momentos
interventivos:
Construção de painéis utilizando a fotolinguagem; Jogo do
envelhecimento; Gincana sobre o estatuto do idoso, e avaliação. Os dados provenientes
do TALP foram processados no software EVOC 2003 e os dos grupos foram analisados
pelo Alceste 2012. Os achados dos dados provenientes do TALP evidenciaram a
representação social hegemônica, estereotipada e negativa da velhice. Quando confrontase os sexos, o feminino atribui o envelhecimento às questões relacionadas às doenças,
enquanto que o masculino vê por um viés mais social. Ao analisar comparativamente os
adolescentes que têm convívio intradomiciliar com o idoso e os que não têm, observa-se
que a convivência diária com a pessoa idosa agrega um vocabulário mais rico e próximo
com o universo do envelhecer, fato não observado nos adolescentes privados da
oportunidade de convívio com o idoso. O material analisado pelo Alceste revelou 7
classes distintas, porém, algumas com aproximação temática entre si, sendo elas as
classes: 4, 5 e 1 que abordaram os aspectos relacionais da sociedade; 2 e 3 que versa
sobre a juventude versus terceira idade e o estreitamento das relações e, por fim, as classes
6 e 7 que agregam as tecnologias de cuidado-educação como estratégias para repensar
o envelhecimento. Tais dimensões compõem uma rede de significados articulados que
abarcam o sentido funcional da tecnologia aplicada ao envelhecimento; os afetos
produzidos pelos adolescentes e as imagens que trazem sobre como é o envelhecer e as
relações intergeracionais; e, por fim, a sensibilização que essas tecnologias de cuidadoeducação proporcionam. A maneira como tais representações se elaboram dá forma à
dinâmica da prática dos sujeitos frente ao objeto, a qual, considerando seus aspectos
constituintes, delimita estilos de relação com o envelhecimento do outro e de si. Defendese, portanto, a tese de que a discussão de temas relacionados ao processo de
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envelhecimento permite aos adolescentes desvelarem um campo que ainda é estranho a
eles, permitindo a quebra de paradigmas e que, assim, possam (re)pensar o envelhecer de
si e do outro, podendo atuar também como agentes multiplicadores de saberes e práticas
obtidas a partir dos momentos provenientes das tecnologias de cuidado-educação. (AU)